terça-feira, 18 de março de 2014

Excelente resposta de Rodrigo Constantino !

Resposta ao encantador de cavalos

O autor de autoajuda Eduardo Moreira tomou as dores da atriz Letícia Spiller e partiu para um ataque gratuito a mim, sendo que sequer compreendo porque Letícia precisaria de defesa, uma vez que minha carta foi realmente bem-intencionada.
Vamos responder aos ataques, ele em vermelho e eu em azul, pois creio que expressam bem um modus operandi lamentável em nosso país, e isso vindo da elite financeira (Moreira, além de autor de best-seller de autoajuda, é sócio de um banco de investimentos):
Carta Aberta a Rodrigo Constantino, em razão de sua Carta Aberta escrita à Leticia Spiller
Caro Rodrigo,
Li hoje a carta aberta escrita por você para Leticia Spiller, referente ao assalto sofrido recentemente pela atriz. Em verdade, confesso que li apenas parte da carta. Não consegui chegar até o final do texto.
Então confessa na largada que “não leu e não gostou”, mas mesmo assim vai rebater minha carta? Isso não é muito legal, Eduardo…
Pelo pouco que conheço a seu respeito, me parece uma pessoa com várias qualidades. Parece ter a capacidade, por exemplo, de estruturar bem seus textos. Tem também uma cultura acima da média e, pelo que sei, tem a experiêcia de já ter trabalhado em algumas empresas de grande porte. somos inclusive colegas de trabalho, afinal sou também autor da Editora Record, por onde você publica seus livros. 
Obrigado pelos elogios. Só não me sinto à vontade para retribui-los pois não o conheço direito, e confesso que livro de autoajuda não é minha praia (acho que tende a ajudar mais o autor do que o leitor, como o nome já diz).
Entre suas qualidades, porém, não parece estar a hombridade. A atitude covarde que teve aproveitando-se de um momento de fragilidade de uma figura pública, para se promover e promover sua obra, é digna das mais deploráveis figuras de direita que você tanto parece cultuar. Curiosamente, logo no começo de seu texto, você destaca ser autor do livro “A Esquerda Caviar”, destacando-o inclusive em outra cor (talvez inclusive, eu ajude-o a promove-lo com esta citação). O que, para mim, diminui seu texto a um mero panfleto publicitário sem valor.
Eduardo, sua acusação é muito grave. Você, pelo visto, não me conhece nada (e como temos amigos em comum, bastaria você consultá-los). Não sou desse tipo, não preciso disso. Meu livro já é um sucesso de vendas, como você sabe, e eu sequer vivo dessa renda. Aproveitei o momento de trauma não para me promover, mas para que a própria Letícia pudesse refletir melhor sobre tudo isso. Momentos assim podem mudar nossas vidas, como você sabe.
Quanto à cor diferente, é o padrão quando colocamos um link no blog. E coloquei o link do meu livro porque, convenhamos, tinha tudo a ver com o tema. Eu realmente acho que a Letícia – e tantos outros – poderiam sair desse esquerdismo hipócrita lendo minha obra (por isso a escrevi). Não poderia ter ideia de que a carta ficaria tão “viral”, e já fiz isso várias outras vezes, sem ser acusado de autopromoção. Ou seja, é uma acusação ex post facto só porque a carta foi um fenômeno de público, o que eu não tinha como adivinhar antes (ainda não tenho o poder de vidente).
É interessante essa sua fixação pela classe intelectual e artística. Talvez algum desejo reprimido de criança, tolhido pela educação rígida que parece ter recebido. Adler, contemporaneo de Freud e um dos mais celebres membros da Sociedade Psicanalitica de Vienna, dizia que o que nos motiva normalmente é o que nos foi tirado quando ainda crianças. 
Aqui você “começa” a descer o nível, não é mesmo? Eu poderia usar a psicologia também e acusá-lo de projeção quando você fala de autopromoção, mas não farei isso. Minha “fixação” é nada mais do que o cansaço com tanta hipocrisia, algo que deixo bem claro no livro. Essa turma, apesar de ignorante em política e economia, repete muita besteira sensacionalista e acaba sendo (de)formadora de opinião, devido à fama. É um perigo!
Nada porém tenho contra sua postura crítica, sou a favor de que todos possam livremente expor suas opiniões. Nunca fui militante de esquerda. Sou inclusive criticado por alguns queridos amigos que militam na esquerda, pelas idéias pró-mercado que defendo. O que não entendo é a forma como você escolheu para criticar a esquerda, através dos artistas. 
Eu explico: eles são ícones da esquerda caviar, têm poder de repercussão grande, e quando abraçam as ideias erradas, como o socialismo, o estrago pode ser grande. Obama, como você sabe, usou e abusou desse poder da classe artística para ser eleito. Lênin levava muito a sério essa gente pelo mesmo motivo. Explico tudo isso no livro.
Dizer que artistas usam drogas é, antes de tudo, preconceituoso e infantil. Todos usam drogas. Por sinal, é nas altas rodas da sociedade, nas coberturas das avenidas praianas de empresarios bem sucedidos, onde as drogas mais caras encontram seus melhores (e maiores) consumidores. São quase todos militantes da direita.
Não sei de onde você tirou que eu disse isso! Ah, lembrei que você não leu a carta. Bem, eu não disse isso. A classe artística consome drogas mais do que a média, mas claro que não são todos. E esses ricos empresários, caso não saiba, são muitas vezes da mesma esquerda caviar. No “nosso” mercado financeiro tem bastante gente que curte drogas também…
Artistas admiram Fidel e Cheguevara (sic)? Que bom! Isso mostra que são inconformados com a sociedade concentradora de renda e desigual em que vivemos. Mais do que defender suas idéias (afinal os tempos são outros e os países tambem), admirar estas figuras históricas significa gritar em protesto. Artistas precisam da mesma coragem que estes lideres tiveram para jogar contra as probabilidades de um país que trata tão mal a cultura.
Aqui a coisa ficou feia demais para seu lado. Protesto? Então se alguém defender Hitler tudo bem, pois é fruto da indignação com o status quo? Se defender Stalin, Mao, Pol-Pot, tudo bem? Você, que é um sujeito culto, não tem ideia de quem foi Che e quem é Fidel? Dois psicopatas assassinos, frios, cruéis, capazes de fuzilar até mulheres grávidas! Carregam nas costas milhares de mortes inocentes. Protesto?
Sociedade desigual? Concentradora de renda? Aqui pareceu um deputado do PSOL falando, e vindo de um sócio de banco de investimentos fica muito estranho. Você não sabe que quem concentra renda é justamente o estado inchado que a esquerda caviar aplaude? Você enxerga problema na riqueza se for legítima, honesta? Você não é muito mais rico do que a imensa maioria dos brasileiros? E se considera um explorador por isso?
Talvez artistas tenham a fama de serem usuários de drogas e defensores destes regimes exatamente pelo motivo contrário do que você acusa Leticia. Artistas não são hipócritas. Tem a coragem de abrir suas vidas. Abraçam com orgulho sua opção sexual, seus gostos e não engolem seus gritos. Artistas criam. Criar depende de coragem e de liberdade. Os poucos textos que li escritos por você são repletos de citações e carentes de criações. Você não cria, vive apoiado nos outros. Sejam eles pensadores, escritores, ou… os artistas que você tanto critica.
Não são hipócritas? Então você realmente não enxerga hipocrisia alguma em defender o socialismo cubano e morar numa mansão de R$ 3 milhões? Ou em apoiar a igualdade de resultados de um apartamento em Paris? Ou em condenar a ganância dos empresários e o lucro das empresas enquanto negocia com intransigência um cachê milionário com uma multinacional para o próximo comercial? Ou em mamar nas tetas do estado e depois defender mais estado?
Se você tivesse lido meu livro, saberia que, logo no começo, em letras garrafais, digo que devemos separar o artista do “militante” engajado. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Posso admirar a criação artística e condenar a hipocrisia ideológica. E posso não ter criado nada demais ainda (não sei de onde tirou que sou artista), mas quem sabe chego lá um dia? Talvez se eu ler seu livro de autoajuda e aprender a encantar cavalos…
Seu único acerto foi colocar a foto da atriz no começo de seu texto. A atriz é tão bela e possui um sorriso tão encantador, que rapidamente o leitor desiste de ler o texto e volta-se novamente para a foto. Respeite o momento dificil que a atriz esta vivendo, e tente colher resultados em cima dos méritos de sua obra. O Brasil está cheio de consumidores da “Direita Caviar”. Não lhe faltará público para trabalhar com hombridade e coragem.
Pela quantidade incrível de curtidas que o texto recebeu (quase 200 mil até agora), sua premissa parece bem equivocada. Muita gente não só leu, como adorou. E eu respeito a atriz, por isso mesmo tenho esperança de que ela possa mudar sua visão ideológica, totalmente absurda e alienada. No mais, concordo que não falta público para quem tem coragem, e meu blog comprova isso.
Atenciosamente
Eduardo Moreira – Autor tambem de livros. Se tiver interesse em conhece-los, pesquise
Ficou estranho e contraditório você me acusar de autopromoção o tempo todo e terminar pedindo que pesquisem mais sobre seus livros, não acha? Fiquei até com a impressão de que um texto meio “fanfarra” desses, sem pé nem cabeça, foi escrito apenas para agradar a esposa, que também é atriz, ou para conseguir um destaque na Veja.com. Mas deve ter sido apenas impressão, e não é do meu feitio fazer acusações levianas.
Rodrigo Constantino

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