Cassação de Delcídio joga
Lula no colo de Moro
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net
A cassação do senador Delcídio do Amaral Gomez joga Luiz Inácio Lula da Silva no colo do juiz Sérgio Fernando Moro, da 13ª Vara Federal Criminal em Curitiba. A queda de Delcídio tira o único réu com direito ao absurdo foro privilegiado no Supremo Tribunal Federal no inquérito 4.170 - o mesmo em que Lula está incluído. Assim, o caso Lula tem tudo para retornar ao juízo de primeira instância. Basta que o ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no STF, dê a ordem.
Cassado por 74 votos (um contra e uma abstenção), Delcídio acusou Lula de ser o mentor da ofensiva política para barrar a delação premiada do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. Delcídio chegou a ficar preso preventivamente, por três meses, porque foi flagrado no crime pela gravação indiscreta de uma conversa. Semana passada, o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, denunciou Lula no mesmo crime de Delcídio, pedindo para que a denúncia fosse aditada ao caso. Se tudo voltar para Curitiba, Moro é quem decidirá o destino de Lula.
Delcídio do Amaral amarelou e não teve coragem de chutar o balde e detonar o presidente do Senado, Renan Calheiros, acusando-o de falcatruas ligadas aos crimes apurados pela Lava Jato. Delcídio resolveu não participar da sessão programada para degolá-lo. No entanto, minutos antes da votação começar, Delcídio soltou uma bomba. Prometeu fazer, na semana que vem, um complemento de sua delação premiada que pode complicar ainda mais a nada fácil de Dilma (provavelmente Presidenta afastada) e de Luiz Inácio Lula da Silva.
Delcídio já avisou que oferecerá provas incriminatórias contra o presidente do Senado, Renan Calheiros. Também atingirá os senadores Édison Lobão, Romero Jucá e Jader Barbalho. Todos já são citados em outras "colaborações premiadas" da Lava Jato. Especificamente sobre os senadores, Delcídio foi ameaçador: " Eles que me aguardem. Alguns senadores querem me esquecer, mas eu não me esquecerei de alguns senadores".
A atitude de Delcídio pode tumultuar o começo da gestão temporária de Michel Temer - que na verdade dá prosseguimento aos 31 anos de PMDB no poder, depois da parceria trágica de 13 anos com o PT, que agora preferiu trair e, providencialmente, golpear. Jucá está publicamente cotado para ser ministro do Planejamento de Temer. Renan Calheiros, que até outro dia jogava a favor do Palácio do Planalto, também tende a continuar fazendo o mesmo "governismo" com Temer, companheiro de PMDB.
Temer e Renan adorariam fritar a Lava Jato - missão quase impossível nas atuais condições de judicialização da política combinada com o rigor seletivo nos tribunais superiores contra inimigos políticos de ocasião.
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