Ler e escrever são duas grandes paixões da estudante mineira Tamyres dos Santos Vieira, de 20 anos.
O reflexo disso pôde ser visto no resultado do último Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A jovem ficou entre os 77 inscritos que tiraram nota mil na redação, que em 2016 teve como tema “Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil”.
Leia na íntegra a redação da estudante adventista que alcançou nota máxima no Enem em 2016 a seguir:
“É mais fácil desintegrar um átomo que um preconceito”. Com essa frase, Albert Einstein desvelou os entraves que envolvem o combate às diversas formas de discriminação existentes na sociedade. Isso inclui a intolerância religiosa, comportamento frequente que deve ser erradicado do Brasil.
Desde a colonização, o país sofre com imposições religiosas. Os padres jesuítas eram trazidos pelos portugueses para catequizar os índios, e a religião que os nativos seguiam – a exaltação da natureza – era suprimida. Além disso, a população africana que foi trazida como escrava também enfrentou fortes repressões ao tentar utilizar sua religião como forma de manutenção cultural. É relevante notar que, ainda hoje, as religiões afro-brasileiras são os maiores alvos de discriminação, com episódios de violência física e moral veiculados pela mídia com grande frequência.
Concomitantemente, ainda que o Brasil tenha se tornado um Estado laico, com uma enorme diversidade religiosa devido à miscigenação que o constituiu, o respeito pleno às diferentes escolhas de crença não é realidade. A palavra religião tem sua origem em ‘religare’, que significa ligação, união em torno de um propósito. Entretanto, ela tem sido causa de separação, desunião. Mesmo que legislações, como a Constituição Federal e a Declaração Universal dos Direitos Humanos, já prevejam o direito à liberdade de expressão religiosa, enquanto não houver amadurecimento social não haverá mudança.
Por tudo isso, é imprescindível que todos os segmentos sociais unam-se em prol do combate à intolerância religiosa no Brasil. Assim, cumpre ao governo efetivar de maneira mais plena as leis já existentes. Ademais, cabe às escolas e às famílias educarem as crianças para que, desde cedo, aprendam que têm o direito de seguir suas escolhas, mas que devem ser tolerantes e respeitar as crenças do outro. Afinal, como disse Nelson Mandela, ‘a educação é a arma mais poderosa para mudar o mundo’. Dessa forma, assim como a desintegração de um átomo tornou-se simples na atualidade, preconceitos poderão ser quebrados.
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