Quando rolarão outras cabeças da Petrobras?
Ricardo Noblat
Há quantos meses se arrastava o escândalo da roubalheira de cerca de R$ 10 bilhões na Petrobras sem que a direção da empresa cortasse a cabeça de funcionários suspeitos? Quatro meses? Seis?
A contar da primeira ação pública da Polícia Federal em março último, lá se foram quase oito meses.
O doleiro Alberto Youssef está preso, mas ele nunca foi funcionário da Petrobras.
Paulo Roberto Costa, que trocou a prisão pela delação premiada, deixou a Petrobras em 2012. Cercado de elogios, por sinal.
Somente ontem rolou a primeira cabeça – a de Sérgio Machado, presidente da Transpetro, subsidiária da Petrobras. E mesmo assim não foi por obra e graça da direção da empresa.
Machado cedeu o lugar que ocupava há mais de 11 anos por exigência da empresa de auditoria PricewaterhouseCoopers (PwC),responsável pelos balanços da Petrobras.
A PwC recusou-se a considerar válido o balanço do terceiro trimestre da Petrobras alegando que Machado não poderia assinar o documento uma vez que fora citado por Paulo Roberto.
De fato, em depoimento à Justiça do Paraná, Paulo Roberto disse que recebeu R$ 500 mil de Machado para promover uma licitação viciada de navios. Machado nega.
Era para Machado ter sido demitido da presidência da Transpetro. Mas por cinco votos contra quatro, o Conselho de Administração da Petrobras preferiu apenas afastá-lo por 31 dias.
Por que? Adivinhe! Quer uma pista?
Renan Calheiros, presidente do Senado pelo PMDB. José Sarney, senador pelo PMDB. Bingo! Sim, Machado é ligado aos dois. E também a outros senadores do PMDB.
O Conselho de Administração não quis comprar briga com essa gente. Machado assinou uma nota onde diz que se afasta do cargo espontaneamente e que não teme investigações.
Fica a pergunta: por que Graça Foster, presidente da Petrobras, também não se licencia do cargo até que tudo seja apurado?
Ao que se sabe, seu nome não foi citado por Paulo Roberto Costa. Nem por Youssef.
Mas ela preside a empresa no pior momento de sua história. Desconhecia o que se passava a poucos metros do seu gabinete. E somente forçada tem agido para que se revolva o mar de lama que ameaça tragar a Petrobras.
Não tem pé nem cabeça a cogitada indicação do governador Jaques Wagner, da Bahia, para a vaga de Foster. Ele mesmo não aceitaria a indicação.
Wagner foi o padrinho de José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras, supostamente envolvido nas negociatas denunciadas por Paulo Roberto.
Embora com seus bens bloqueados, Gabrielli é Secretário de Planejamento do governo de Wagner.
Pois é... Pegaria mal.
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