sábado, 30 de agosto de 2014
sexta-feira, 29 de agosto de 2014
A AMAZÔNIA TEM UM "OCEANO" SUBTERRÂNEO!
A Amazônia possui uma reserva de água subterrânea com volume estimado em
mais de 160 trilhões de metros cúbicos, de acordo com Francisco de Assis
Matos de Abreu, professor da Universidade Federal do Pará (UFPA), durante a 66ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência(SBPC), que terminou no dia 27 de julho, no campus da Universidade Federal
do Acre (UFAC), em Rio Branco.
O volume é 3,5 vezes maior do que o do Aquífero Guarani depósito de água
doce subterrânea que abrange os territórios do Uruguai,da Argentina,do Paraguai e principalmente do Brasil,com 1,2 milhão de quilômetros quadrados de extensão.
A reserva subterrânea representa mais de 80% do total da água da Amazônia.
O estudo indicou que o aquífero, situado em meio ao cenário de uma das mais belas praias fluviais do país, teria um depósito de água doce subterrânea com volume estimado em 86,4 trilhões
de metros cúbicos.
Ficamos muito assustados com os resultados do estudo e resolvemos
aprofundá-lo. Para a nossa surpresa, descobrimos que o Aquífero Alter do
Chão integra um sistema hidrogeológico que abrange as bacias sedimentares
do Acre, Solimões, Amazonas e Marajó. De forma conjunta, essas quatro bacias possuem, aproximadamente, uma superfície de 1,3 milhão de quilômetros quadrados, disse Abreu.
Denominado pelo pesquisador e colaboradores Sistema Aquífero Grande Amazônia (Saga),o sistema hidrogeológico começou a ser formado a partir do período Cretáceo, há cerca de 135 milhões de anos.
Em razão de processos geológicos ocorridos nesse período foi depositada,nas quatro bacias sedimentares, uma extensa cobertura sedimentar, com espessuras da ordem de milhares de metros, explicou Abreu.
A água dos rios amazônicos, por exemplo, representa somente 8% do sistema hidrológico do bioma e as águas atmosféricas têm, mais ou menos,
esse mesmo percentual de participação, disse Abreu durante o evento.
O conhecimento sobre esse oceano subterrâneo, contudo, ainda é muito
escasso e precisa ser aprimorado tanto para avaliar a possibilidade de uso
para abastecimento humano como para preservá-lo em razão de sua
importância para o equilíbrio do ciclo hidrográfico regional.
De acordo com Abreu, as pesquisas sobre o Aquífero Amazônia foram
iniciadas há apenas 10 anos, quando ele e outros pesquisadores da UFPA e
da Universidade Federal do Ceará (UFC) realizaram um estudo sobre o
Aquífero Alter do Chão , no distrito de Santarém (PA).
Denominado pelo pesquisador e colaboradores Sistema Aquífero Grande
Amazônia (Saga), o sistema hidrogeológico começou a ser formado a partir do período Cretáceo, há cerca de 135 milhões de anos.
Em razão de processos geológicos ocorridos nesse período foi depositada,
nas quatro bacias sedimentares, uma extensa cobertura sedimentar, com
espessuras da ordem de milhares de metros, explicou Abreu.
O Saga é um sistema hidrogeológico transfronteiriço, uma vez que abrange
outros países da América do Sul. Mas o Brasil detém 67% do sistema,disse.
Uma das limitações à utilização da água disponível no reservatório,contudo, é a precariedade do conhecimento sobre a sua qualidade, apontou o pesquisador. Queremos obter informações sobre a qualidade da água encontrada no reservatório para identificar se é apropriada para o consumo.
Estimamos que o volume de água do Saga a ser usado em médio prazo para
abastecimento humano, industrial ou para irrigação agrícola será muito pequeno em razão do tamanho da reserva e da profundidade dos poços construídos hoje na região, que não passam de 500 metros e têm vazão elevada, de 100 a 500 metros cúbicos por hora, disse.
Como esse reservatório subterrâneo representa 80% da água do ciclo
hidrológico da Amazônia, é preciso olhá-lo como uma reserva estratégica
para o país, segundo Abreu.
A Amazônia transfere, na interação entre a floresta e os recursos hídricos, associada ao movimento de rotação da Terra, cerca de 8 trilhões de metros cúbicos de água anualmente para outras regiões do Brasil. Essa água, que não é utilizada pela população que vive aqui na região,representa um serviço ambiental colossal prestado pelo bioma ao país, uma vez que sustenta o agronegócio brasileiro e o regime de chuvas responsável pelo enchimento dos reservatórios produtores de hidreletricidade nas regiões Sul e Sudeste do país, avaliou.
VULNERABILIDADES
De acordo com Ingo Daniel Wahnfried, professor da Universidade Federal do
Amazonas (Ufam), um dos principais obstáculos para estudar o Aquífero
Amazônia é a complexidade do sistema.
Como o reservatório é composto por grandes rios, com camadas sedimentares
de diferentes profundidades, é difícil definir, por exemplo, dados de
fluxo da água subterrânea para todo sistema hidrogeológico amazônico.
Há alguns estudos em andamento, mas é preciso muito mais. É necessário
avaliarmos, por exemplo, qual a vulnerabilidade do Aquífero Amazônia à
contaminação, disse Wahnfried, que realizou doutorado direto com Bolsa da
FAPESP.
Diferentemente do Aquífero Guarani, acessível apenas por suas bordas, uma
vez que há uma camada de basalto com dois quilômetros de extensão sobre o
reservatório de água, as áreas do Aquífero Amazônia são permanentemente
livres.
Em áreas de floresta, essa exposição do aquífero não representa um risco.
Já em áreas urbanas, como nas capitais dos estados amazônicos, isso pode
representar um problema sério. Ainda não sabemos o nível de vulnerabilidade do sistema aquífero da Amazônia em cidades como Manaus,disse Wahnfried.
Segundo o pesquisador, tal como a água superficial (dos rios), a água
subterrânea é amplamente distribuída e disponível na Amazônia. No Amazonas, 71% dos 62 municípios utilizam água subterrânea (mas não do aquífero) como a principal fonte de abastecimento público, apesar de o estado ser banhado pelos rios Negro, Solimões e Amazonas.
Já dos 22 municípios do Estado do Acre, quatro são totalmente abastecidos
com água subterrânea. Apesar de esses municípios estarem no meio da
Amazônia, eles não usam as águas dos rios da região em seus sistemas
públicos de abastecimento, avaliou Wahnfried.
Algumas das razões para o uso expressivo de água subterrânea na Amazônia são o acesso fácil e a boa qualidade desse tipo de água, que apresenta menor risco de contaminação do que a água superficial.
Além disso, o nível de água dos rios na Amazônia varia muito durante o ano. Há cidades na região que, em períodos de chuva, ficam a poucos metros
de um rio. Já em períodos de estiagem,o nível do rio baixa 15 metros e a
distância dele para a cidade passa a ser de 200 metros, exemplificou.
esse mesmo percentual de participação, disse Abreu durante o evento.
O conhecimento sobre esse oceano subterrâneo, contudo, ainda é muito
escasso e precisa ser aprimorado tanto para avaliar a possibilidade de uso
para abastecimento humano como para preservá-lo em razão de sua
importância para o equilíbrio do ciclo hidrográfico regional.
De acordo com Abreu, as pesquisas sobre o Aquífero Amazônia foram
iniciadas há apenas 10 anos, quando ele e outros pesquisadores da UFPA e
da Universidade Federal do Ceará (UFC) realizaram um estudo sobre o
Aquífero Alter do Chão , no distrito de Santarém (PA).
Denominado pelo pesquisador e colaboradores Sistema Aquífero Grande
Amazônia (Saga), o sistema hidrogeológico começou a ser formado a partir do período Cretáceo, há cerca de 135 milhões de anos.
Em razão de processos geológicos ocorridos nesse período foi depositada,
nas quatro bacias sedimentares, uma extensa cobertura sedimentar, com
espessuras da ordem de milhares de metros, explicou Abreu.
O Saga é um sistema hidrogeológico transfronteiriço, uma vez que abrange
outros países da América do Sul. Mas o Brasil detém 67% do sistema,disse.
Uma das limitações à utilização da água disponível no reservatório,contudo, é a precariedade do conhecimento sobre a sua qualidade, apontou o pesquisador. Queremos obter informações sobre a qualidade da água encontrada no reservatório para identificar se é apropriada para o consumo.
Estimamos que o volume de água do Saga a ser usado em médio prazo para
abastecimento humano, industrial ou para irrigação agrícola será muito pequeno em razão do tamanho da reserva e da profundidade dos poços construídos hoje na região, que não passam de 500 metros e têm vazão elevada, de 100 a 500 metros cúbicos por hora, disse.
Como esse reservatório subterrâneo representa 80% da água do ciclo
hidrológico da Amazônia, é preciso olhá-lo como uma reserva estratégica
para o país, segundo Abreu.
A Amazônia transfere, na interação entre a floresta e os recursos hídricos, associada ao movimento de rotação da Terra, cerca de 8 trilhões de metros cúbicos de água anualmente para outras regiões do Brasil. Essa água, que não é utilizada pela população que vive aqui na região,representa um serviço ambiental colossal prestado pelo bioma ao país, uma vez que sustenta o agronegócio brasileiro e o regime de chuvas responsável pelo enchimento dos reservatórios produtores de hidreletricidade nas regiões Sul e Sudeste do país, avaliou.
VULNERABILIDADES
De acordo com Ingo Daniel Wahnfried, professor da Universidade Federal do
Amazonas (Ufam), um dos principais obstáculos para estudar o Aquífero
Amazônia é a complexidade do sistema.
Como o reservatório é composto por grandes rios, com camadas sedimentares
de diferentes profundidades, é difícil definir, por exemplo, dados de
fluxo da água subterrânea para todo sistema hidrogeológico amazônico.
Há alguns estudos em andamento, mas é preciso muito mais. É necessário
avaliarmos, por exemplo, qual a vulnerabilidade do Aquífero Amazônia à
contaminação, disse Wahnfried, que realizou doutorado direto com Bolsa da
FAPESP.
Diferentemente do Aquífero Guarani, acessível apenas por suas bordas, uma
vez que há uma camada de basalto com dois quilômetros de extensão sobre o
reservatório de água, as áreas do Aquífero Amazônia são permanentemente
livres.
Em áreas de floresta, essa exposição do aquífero não representa um risco.
Já em áreas urbanas, como nas capitais dos estados amazônicos, isso pode
representar um problema sério. Ainda não sabemos o nível de vulnerabilidade do sistema aquífero da Amazônia em cidades como Manaus,disse Wahnfried.
Segundo o pesquisador, tal como a água superficial (dos rios), a água
subterrânea é amplamente distribuída e disponível na Amazônia. No Amazonas, 71% dos 62 municípios utilizam água subterrânea (mas não do aquífero) como a principal fonte de abastecimento público, apesar de o estado ser banhado pelos rios Negro, Solimões e Amazonas.
Já dos 22 municípios do Estado do Acre, quatro são totalmente abastecidos
com água subterrânea. Apesar de esses municípios estarem no meio da
Amazônia, eles não usam as águas dos rios da região em seus sistemas
públicos de abastecimento, avaliou Wahnfried.
Algumas das razões para o uso expressivo de água subterrânea na Amazônia são o acesso fácil e a boa qualidade desse tipo de água, que apresenta menor risco de contaminação do que a água superficial.
Além disso, o nível de água dos rios na Amazônia varia muito durante o ano. Há cidades na região que, em períodos de chuva, ficam a poucos metros
de um rio. Já em períodos de estiagem,o nível do rio baixa 15 metros e a
distância dele para a cidade passa a ser de 200 metros, exemplificou.
quinta-feira, 28 de agosto de 2014
SISFRON(Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras)
SISFRON
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O que significa? O que vai trazer? Como está indo?
Roberto Caiafa
O Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras, ou SISFRON, como parte integrante do Sistema de Comando e Controle da Força Terrestre (SC2FTer), é considerado uma empreitada de uma complexidade tão grande, que em recente entrevista, o ministro da Defesa do Brasil, embaixador Celso Amorim, referiu-se a ele como "O maior empreendimento do gênero em execução no planeta". E não é exagero.
Planejado para ser implementado ao longo de 10 anos, o SISFRON abrangerá pouco mais de 16,8 mil km de fronteiras terrestres com 11 países em 10 estados da federação (588 municípios), numa faixa com largura de 150 km (cerca de 27% do território e mais de 10 milhões de habitantes), por um custo orçado em R$ 12 bilhões. Todo o aparato deverá estar completamente entregue até o ano de 2025. Na sua definição acadêmica, o SISFRON é descrito como "Emprego de meios heterogêneos, dispersos territorialmente por um grande espaço geográfico, subordinado a diversas unidades, o que obriga uma organização sistêmica, a fim de que funcione de forma orgânica com máximo de eficiência e eficácia, com um mínimo de dispêndio, para que seja viável e sustentável". Se a ideia for simplificar, pode-se defini-lo como um "Sistemas de Sistemas (SoS), coleção de sistemas, dedicados ou orientados à tarefa, que somam capacidades e recursos para criar um novo sistema, mais complexo, que oferece mais funcionalidades e performance que a simples soma de suas partes". E por que o Brasil precisa do SISFRON? QUANTO CUSTA NÃO TÊ-LOO Brasil vive na atualidade um quadro caótico em relação à segurança pública. A prática de crimes nos grandes centros urbanos se espalhou, e nem mesmo as pequenas e pacatas comunidades do interior estão livres do problema. Estudos das Nações Unidas apontam a América Latina e Caribe como as regiões do mundo com maiores taxas de violência, e o Brasil lidera vários indicadores negativos que ajudam a construir esse trágico cenário, pois encabeça a lista como o país com o maior percentual de origem de drogas como cocaína e crack apreendidas (à frente de Colômbia,Bolívia e Peru, que produzem 100% da folha de coca, e do Paraguai, de onde sai 80% da maconha consumida internamente). Isso evidencia a grande produção de drogas em países limítrofes, caracterizando a natureza transfronteiriça do problema. O País é o entreposto, o caminho de passagem, principalmente nas rotas para a Europa e África Ocidental. Quem afirma isso é o Escritório das Nações Unidas para Drogas e Crime (UNODC), através de relatório divulgado em junho de 2013, e o Relatório Anual da Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes, também desse ano. E claro, há um alto consumo no mercado doméstico, o que também correlaciona uma série de fatores que contribuem para a escalada da violência e do crime, já que o acesso à compra e consumo de drogas ilícitas é muito fácil. E isso custa muito dinheiro e traz sérios prejuízos. Estudo da Fundação Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) demonstrou que anualmente o Brasil perde 5,09% do seu Produto Interno Bruto (PIB) por conta do custo anual da violência ligada ao tráfico. A conta é simples. 5,09% do PIB de 2013 (R$ 4,84 trilhões), são exatos R$ 246 bilhões pagos pelo contribuinte e jogados no ralo. Os números oficiais comprovam essa tendência e revelam mais dados assustadores. Considerando somente a população carcerária reconhecidamente apenada por envolvimento com o tráfico de drogas (desprezando outras práticas criminosas),apurou-se 22% do total de presos, segundo o Departamento Penitenciário Nacional do Ministério da Justiça. Essa massa de traficantes e suas quadrilhas, aplicando-se a mesma metodologia, custou aos cofres da União, em valores de 2013, R$ 54,2 bilhões (custo anual da violência decorrente do narcotráfico). Aí entra a grandeza da ideia por trás do SISFRON. Como citado, sua construção custará aproximadamente R$ 12 bilhões ao longo de 10 anos. Considerando os efeitos benéficos que o sistema é capaz de proporcionar, pode-se raciocinar com o uso de uma tabela de eficiência. A taxa de efetividade calculada somente como proporção necessária à redução de entrada de drogas pela fronteira ocidental, não se considerando todos os demais benefícios do SISFRON, e lembrando o PIB de 2013, seria de 10% (mínimo), o que se traduz em um valor estimado de R$ 5,42 bilhões\ano. Em outra vertente, e segundo o UNODC, o Brasil possui um índice de 22,7 homicídios por 100.000 habitantes e, assim, 10% de efetividade do SISFRON salvará 10 mil brasileiros da morte por ano. Por esses números, fica evidente que o sistema se paga em, no máximo, três anos de atividade, com ganhos importantíssimos na redução dos índices de violência das grandes cidades brasileiras, além de diminuir sensivelmente a pressão no sistema de saúde pública, que tem de tratar os feridos, mutilados e usuários,e no sistema carcerário, abarrotado de presos cumprindo penas decorrentes do crime transfronteiriço ligado ao tráfico de drogas.
O Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras não é apenas uma necessidade militar, mas uma política de estado delineada na Estratégia Nacional de Defesa (END), e claramente de natureza multidisciplinar e interagências governamentais.
O fato de sua construção e gerenciamento serem de responsabilidade do Exército Brasileiro (EB), como principal operador, é fácil de ser explicado. O EB é a instituição nacional com maior capilaridade em toda a extensão do território nacional, em especial ao longo dos 16.886 km da zona de fronteira (87 organizações militares presentes). Seu embasamento jurídico está atrelado à Constituição Federal, no artigo 142, na Lei Complementar Nº 97, de 1999, que estabelece como ação subsidiária das Forças Armadas atuar, por meio de ações preventivas e repressivas, na faixa de fronteira, contra delitos transfronteiriços e ambientais, e no Decreto 6.703, de dezembro de 2008, que instituiu a END. O QUE É O SISFRON
Trata-se de um sistema de monitoramento contínuo da faixa de fronteira terrestre, abrangendo os Estados do Rio Grande do Sul ao Amapá, estando fundamentado na otimização dos sistemas existentes, mas estanques, e na integração aos decorrentes do acréscimo de novas e avançadas infraestruturas de comunicações e de tecnologia da informação.
Uma de suas principais características é a integração entre os projetos das Forças Armadas e com diversos órgãos do governo, destacando-se o Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM); o Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (COMDABRA); a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN); o Ministério da Agricultura e o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET); o Ministério da Saúde; as defesas civis e os governos dos estados fronteiriços; o Ministério da Justiça, com o Departamento de Polícia Federal (DPF) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF); a Receita Federal (RFB); o Ministério do Meio Ambiente; e, no sentido transnacional, as Forças Armadas dos países vizinhos.
O SISFRON visa aumentar a presença oficial na faixa de fronteira terrestre, dotando o Exército dos meios necessários para exercer o monitoramento e controle contínuo e permanente de áreas de
interesse do território nacional, garantindo fluxo ágil e seguro de informações confiáveis e oportunas, de modo a possibilitar o exercício do comando e controle e de atuação integrada em todos os níveis. Contando com estruturas físicas e lógicas, o sistema disponibilizará enlaces de dados apropriados para comunicação entre todos os escalões (operação em rede simultânea), agilizando a resposta a qualquer ameaça ou agressão através da alta mobilidade tática e apoio logístico, independente dos diversos ambientes onde será implantado. Isso também obriga o EB a preparar o combatente para atuar em ambiente de alta complexidade tecnológica (investimento em formação de quadros especializados) onde predominam a consciência situacional ampliada e o conceito de guerra centrada em redes (NCW - network centric warfare), consolidando assim a capacidade nacional de sistemas de monitoramento, vigilância e reconhecimento. Essas metas envolvem a mobilização da Base Industrial de Defesa (BID) e organizações integradoras, de modo a assegurar independência tecnológica na manutenção, ampliação e utilização do sistema como um todo. Todo esse planejamento servirá para incrementar as ações governamentais no interesse da segurança nacional, da segurança pública e do desenvolvimento social e econômico.
Considerando os aspectos e fatores regionais e locais a serem beneficiados pelo SISFRON, pode-se listar
os mais importantes. Institucionalmente, ocorre o aumento da presença do Estado Brasileiro e do poder dissuasório do Exército na fronteira terrestre. Na questão ambiental, será buscada a integridade dos recursos naturais, redução do desmatamento e dos garimpos ilegais por meio de monitoramento, coibindo a evasão de divisas e o contrabando. No lado econômico, arranjos produtivos destinados ao desenvolvimento local sustentável dará a tônica das ações. Na questão cultural, vislumbra-se a importante preservação da identidade étnica de populações indígenas com apoio aos programas e projetos de outros órgãos voltados para a educação bilíngue (todos são brasileiros, antes de qualquer coisa). Falando de saúde e avanços sanitários, ocorrerá melhoria da infraestrutura de atendimento médico na faixa de fronteira. No tocante à segurança pública, a diminuição da criminalidade, violência e outros ilícitos terá reflexos na sensação de segurança das comunidades interioranas e grandes centros urbanos, pelo aumento do poder dissuasório, monitoramento e ações complementares. Quanto à educação, conta-se com a melhoria da qualidade de ensino, com disponibilidade de escolas, professores e recursos didáticos, elevando os índices de alfabetização e geração de mão de obra. Analisado o impacto da questão infraestrutural, a ampliação da rede de telecomunicações entre regiões de pelotões e centros urbanos, a pavimentação de estradas e aquisição de embarcações, mais a definição e otimização da matriz energética das comunidades, entre outros, terão mais uma vez enormes benefícios desenvolvimentistas para a faixa de fronteira. ASPECTOS TÉCNICOS
O Projeto Estratégico SISFRON é o resultado direto da execução dos subprojetos "Sensoriamento e
Apoio à Decisão", "Obras de Infraestrutura e Apoio à Atuação". Cada um deles envolvem ações específicas. O sensoriamento inclui meios especializados que suportam as ações de vigilância, reconhecimento e a obtenção de dados para a inteligência. Está prevista a aquisição de radares de vigilância aérea e terrestre, sensores óticos e de sinais eletromagnéticos, de características portátil, transportável, embarcada ou fixa, compreendendo ainda as plataformas para a sua instalação. Há ainda o potencial emprego de sistemas e equipamentos nacionais desenvolvidos para operar de acordo com as peculiaridades do ambiente amazônico, como radares de abertura sintética (SAR), que permitem operação em banda X e P, detectando alvos abaixo da densa cobertura vegetal (tecnologia dominada pela BRADAR, por exemplo).
Quanto ao "Apoio à Decisão", trata das capacidades de juntar os dados coletados pelos sensores, valendo-se dos segmentos de integração de dados e de visualização de informações, provendo ao decisor,
em cada nível, elaborada consciência situacional integrada ao teatro de operações (TO). Assim, poderá ser escolhida a melhor linha de ação, montar o seu planejamento e sua distribuição para execução, em tempo hábil, aos responsáveis em dar uma resposta efetiva às ameaças, atuais e futuras. É um segmento crítico e estratégico, que privilegiará o emprego de sistemas e equipamentos nacionais, de fundamental relevância não apenas na implantação e capacitação autônoma, mas também na integração futura de sistemas de outros órgãos governamentais e de novas funcionalidades e equipamentos correlatos.
Já em termos de "Apoio à Atuação", o que se visa é desenvolver e implementar o subsistema de atuadores, que inclui plataformas, equipamentos e demais materiais de emprego militar necessários ao combatente, e proporcionar a capacidade de rápida resposta, sempre em sinergia com as plataformas e meios dos demais órgãos governamentais (interoperabilidade). As obras de infraestrutura destinam-se à construção, ampliação, adequação, adaptação, recuperação e reforma de instalações necessárias ao funcionamento do sistema.
Outros subsistemas da arquitetura do projeto incluem o da "Tecnologia da Informação e Comunicações", que inclui todos os meios para possibilitar o tráfego de informações táticas e estratégicas entre os componentes do SISFRON e entre este e sistemas correlatos. Sua infraestrutura possuirá redes de comunicação de dados e voz, visando a integração dos diversos órgãos envolvidos e a disseminação de informações pertinentes às
funções e atribuições de cada parte do sistema, de forma contínua, sem interrupções, esteja ela fixa ou em movimento. Utiliza enlaces diretos entre estações terrestres e espaciais. Os meios de comunicação com órgãos governamentais deverão ser redundantes e seguros para manter o sigilo das informações trafegadas, incluindo as operacionais, administrativas e logísticas; o de "Segurança de Informações e Comunicações", responsável pelos meios para garantir comunicações seguras, íntegras e proteção de ataques cibernéticos, permeando todo o SISFRON. Está dividido em segurança das comunicações, controle de acesso e defesa cibernética; o de "Simulação e Capacitação", intrinsecamente ligado ao "Subsistema de Apoio à Decisão", inclui um centro de simulação e treinamento para formar operadores para o SISFRON, meios de capacitação em manutenção e células de aprendizagem à distância. Os recursos empregados nesse subsistema deverão ser aplicados principalmente em áreas remotas da Amazônia, de modo a auxiliar projetos de cunho social abrangendo atividades de ensino e integração digital. ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS
Para se estimar a geração de empregos com a implantação do SISFRON, foi utilizado um modelo desenvolvido pelo Departamento Econômico do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
e Social (BNDES), que permite calcular o número de postos de trabalho criados em decorrência de um aumento na demanda em cada setor da economia. O modelo é apresentado segundo a classificação da Matriz de Insumo-Produto (MIP), publicada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e utilizada como principal fonte de dados. De acordo com essa metodologia, os empregos gerados são relacionados ao aumento da produção por meio de relações lineares com a aplicação de coeficientes de emprego, definidos como a relação entre o número de trabalhadores e a produção do setor. Os valores tabelados representam unidades de empregos anuais gerados nos setores de tecnologia e de infraestrutura, tomando os investimentos do SISFRON em cada segmento como base para as estimativas, que compreendem um período temporal entre 2012 a 2021. Os gastos com tecnologia, estimados para o período em R$ 3,596 bilhões, deverão gerar de forma direta 1.366 vagas na fase de desenvolvimento, outras 5.466 durante a produção, mais 35.241 empregos indiretos, totalizando 42.073 trabalhadores envolvidos.
Para a infraestrutura, no mesmo período, o valor previsto deverá ficar em R$ 3,002 bilhões, com a geração direta de 53.736 postos de trabalho. Indiretamente, é calculado que se deverá abrir pelo menos 29.420 vagas, totalizando 83.156 empregos.
O valor total poderá atingir a cifra de 125.229 postos de trabalho, ou uma média anual de 12.522 empregos/ano durante a década necessária à implantação do SISFRON. Praticamente dois terços desses poderão vir do setor de tecnologia, com a execução de atividades de desenvolvimento de componentes e subsistemas, pesquisas de novos softwares e a integração do sistema final por empresa nacional. Dentro do aspecto da infraestrutura,inúmeras são as obras que estão sendo conduzidasadaptando e melhorandoas instalações físicas para a tropa,equipamentos e sistemas
Do ponto de vista industrial, e considerando as
ações estratégicas segundo a END, o SISFRON constitui hoje a maior oportunidade de viabilidade, de desenvolvimento integrado e conclusão de projetos relacionados à Defesa Nacional. Os cada vez mais indispensáveis veículos aéreos não tripulados (VANTs), os sistemas de comando e controle e segurança de informações, os radares, equipamentos diversos, os sensores ópticos e eletro-ópticos, e muitos outros implementos atendem as diretrizes da END. Os subsistemas de "Sensoriamento", "Apoio à Decisão", "Tecnologia de Informações e Comunicações" e o de "Capacitação e Treinamento" têm um potencial sem precedentes para a utilização, por exemplo, de uma gama de radares desenvolvidos no Centro Tecnológico do Exército, em parceria com indústria nacional. Falando em apoio à decisão e comando e controle, tais capacidades e seu conhecimento de forma autônoma tornou-se fundamental, pelo seu elevado conteúdo estratégico e os anos de investimentos público e privado necessários à sua obtenção.
A busca por tecnologias, produtos e serviços e a fabricação de novos equipamentos com diferencial tecnológico e operacional que atendam nichos de mercado, criando sustentabilidade tecnológica por meio do uso dual e possibilidade de exportações,
é um importante aspecto socioeconômico a ser considerado. O SISFRON terá, obrigatoriamente, que se interpor com outros projetos estratégicos do EB, "puxando" a execução de muitos deles devido ao volume de trabalho e múltiplas sinergias a serem otimizadas. O COMEÇO
A introdução do SISFRON foi planejada para acontecer de forma gradual, e o trecho inicial selecionado fica na fronteira do Brasil com a Bolívia e o Paraguai, e nos Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. As primeiras unidades a receberem partes do sistema fazem parte do Comando Militar do Oeste (CMO), especialmente a 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada, de Dourados (MS), com as subunidades 10º Regimento de Cavalaria
Mecanizado (Bela Vista), 11º Regimento de Cavalaria Mecanizado (Ponta Porã), 17º Regimento de Cavalaria Mecanizado (Amambaí), 28º Batalhão Logístico (Dourados) e o 9º Grupo de Artilharia de Campanha (Nioaque). Também fazem parte do escopo do contrato os Centros de Operações da 13ª Brigada de Infantaria Motorizada, de Cuiabá (MT) e da 17ª Brigada de Infantaria de Selva, em Porto Velho (RO). O trecho inicial, de 650 km, está na área de responsabilidade da 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada.
Integrando o Consórcio Tepro, a Savis Tecnologia e Sistemas, empresa subsidiária da Embraer Defesa e Segurança (EDS), foi selecionada pelo Exército, em agosto de 2012, para realizar a implementação do projeto piloto do SISFRON atuando na gestão integrada de projetos de monitoramento e controle
de fronteiras. A BRADAR (ex-Orbisat), especializada em sensoriamento remoto e radares de vigilância aérea e terrestre, é a parceira natural da Savis já que também é uma empresa integrante do portfólio da EDS. Em novembro do mesmo ano, o Exército assinou o contrato com o Consórcio Tepro, avaliado em R$ 839 milhões para esta fase. A proposta vencedora apresentou 75,8% de índice de nacionalização, traduzindo-se no fomento e capacitação da indústria nacional em áreas de produtos duais, de alto valor agregado. Entre as 15 empresas brasileiras subcontratadas, anunciadas em junho de 2013, estão a Stemac, fabricante de geradores; CM Comandos, fabricante de no-breaks; Enecol e Casa da Floresta, responsáveis, respectivamente, pela infraestrutura civil e gestão ambiental requeridas para compor os principais equipamentos e serviços relacionados ao subsistema de "Infraestrutura"; RFCom, para fabricar os shelteres utilizados pelos diversos subsistemas; a Harpia Sistemas e seus VANTs; a Advantech e sua capacidade de plataformas de tecnologia computacional automatizada; a RustCon e seus sistemas de TI de alta complexidade (guerra eletrônica e cibernética); a Decatron, como integradora de TI; a MTel, para a integração de TI e Comunicações; a Gigacom e suas redes de telecomunicações; a BrasilSat e seus sistemas de telecomunicações, defesa e infraestrutura; a Digitel e seus produtos para comunicação de dados, voz e imagem; a Agrale e sua conhecida família de veículos militares Marruá; e, por fim, a Volkswagen do Brasil, com sua linha de caminhões militarizados. Viaturas novas e de diversos tipose funções já estão sendo entregues àsunidades do CMO, como parte do SISFRONA tropa está recebendo novos equipamentose armamentos individuais(inclusive, em uma sinergia com o COBRA)e algumas unidades estão sendotransformadas; em alguns casos,com elevação de pelotão para esquadrãode cavalaria de fronteira (4ª Bda Cav Mec)
Entre as empresas estrangeiras selecionadas estão a Medav, que fornecerá o sistema de sensores de
sinais eletromagnéticos em conjunto com a BRADAR (mais o treinamento de pessoal), a Harris, que ficará responsável pelos rádios táticos, e a AEL International, para fornecimento dos optrônicos. O Exército também concluiu as negociações de compensação comercial, industrial e tecnológica (offset), resultando em significativos investimentos em áreas como linhas de produção, desenvolvimento tecnológico e capacitação para os produtos que serão implantados na primeira fase do projeto. Em paralelo às atividades de seleção de fornecedores e de definição dos elementos-base para a elaboração dos projetos executivos dos diversos subsistemas, foi realizado o reconhecimento técnico de todas as organizações militares abrangidas, e pesquisa de campo dos pontos de instalação das torres para o subsistema de "Comunicações Estratégicas", que compreende a implantação de uma rede de comunicações (backbone - infovia). O andamento das atividades está em conformidade com o cronograma definido. Em abril passado, a Savis fez entregas para o Centro de Operações Militares do Comando Militar do Oeste, em Campo Grande, (MS). Trata-se do primeiro centro de comando e controle do SISFRON, com equipamentos modernos e que vai permir a análise dos dados coletados pelos sensores, a consciência situacional, o apoio à decisão e a disseminação de instruções para as operações sob responsabilidade daquele Comando Militar de Área. Estão prontas as atividades de definição da integração de sistemas que permitirão o início da implantação física dos subsistemas de comunicação tática, optrônicos, infraestrutura, centros de comando e controle, sensoriamento eletromagnéticos, de vigilância, monitoramento e reconhecimento, além do avanço na execução da rede de comunicações estratégicas. O CCOMGEX EM CENA
O Centro de Comunicações e Guerra Eletrônica do Exército (CComGEx), no Distrito Federal, tem um papel importantíssimo na validação de aspectos técnicos do projeto piloto do SISFRON. Naquela organização militar altamente especializada, diversos itens de subsistemas previstos foram avaliados e testados em laboratório. Militares daquele centro também supervisionaram os testes de campo, de modo a comprovar o cumprimento dos requistos estabelecidos para cada um dos subsistemas, nas condições esperadas de emprego in loco. Treinamentos de militares diretamente envolvidos com a operação dos sofisticados sistemas de comunicações e guerra eletrônica também estão sendo realizados nas salas de aula do Centro de Instrução de Guerra Eletrônica, que faz parte do complexo. Para conferir de perto o estágio atual dos trabalhos de implantação, a reportagem de Tecnologia & Defesa visitou a unidade, onde
foi recebida pelo gerente do SISFRON, general-de-divisão (R1) João Roberto de Oliveira e equipe, e pelo comandante do CComGEx, general-de-brigada Carlos Roberto Pinto de Souza, que apresentou toda a estrutura da OM e suas subunidades agregadas (Base Administrativa, Centro de Instrução de Guerra Eletrônica, Companhia de Comando e Controle C², 1º Batalhão de Guerra Eletrônica, Escola de Comunicações, e a Logística de Material Classe VII). O general-de-divisão (R1) João Roberto de Oliveirae o general-de-brigada Carlos Roberto Pinto de Souza
No pátio do prédio do comando, T&D pôde conhecer o Módulo de Telemática Operacional (MTO), equipamento que permite a comunicação de dados, voz e imagens no campo de batalha.
O MTO foi construído de modo a ser operado remotamente ou, como visto pela reportagem, embarcado na viatura de comando e controle (VCC) especialmente desenvolvida para proporcionar flexibilidade e robustez às operações militares (Agrale Marruá dotada de shelter). O MTO possibilita às comunicações militares via rádio, integração à rede pública de telefonia fixa ou celular, transmissão de vídeo a dezenas de quilômetros, acesso à internet a até 100 km de distância da base de operações, emprego de tecnologia VoIP e integração a qualquer cenário remoto através de sistemas de comunicações via satélite. O MTO será um dos mais importantes instrumentos de ligação entre frações, companhias e comandantes de OMs, e também fará o link com os escalões superiores. Sua integração, desenvolvida no Centro Tecnológico do Exército, tem como características o uso de rádios HF, VHF e UHF; modem ADSL e DSLAM; integração de voz via rádio/fio/celular; rede sem fio 802.11 a/b/g; repetidoras 802.11 a/b/g com painéis solares; voz sobre IP; geradores a diesel com supressão de ruído; rotas de comunicações redundantes; seleção automática da rota mais eficiente; e capacidade aerotransportável.
Após o contato com essa tecnologia 100% integrada localmente (em que pese o uso de componentes importados), o general Oliveira e seus oficiais conduziram uma detalhada apresentação onde expuseram os principais tópicos referentes ao
projeto piloto do SISFRON, sua implementação e os próximos passos. Abrindo a apresentação, o general delineou todo o processo que culminou na contratação do SISFRON, fazendo questão de reforçar a importância das comunicações no sucesso do sistema, indo desde o pelotão, com o soldado equipado com sua câmera, rádio comunicador e sensores portáteis, passando pela companhia e batalhão, com sensores mais complexos como radares, optrônicos fixos ou embarcados (comunicações táticas), chegando aos centros de comando e controle das brigadas e comandos de área através das infovias, ora sendo construídas e\ou ampliadas, e culminando na possibilidade futura de visualização em órgãos do poder central, utilizando, inclusive, links de satélite conectados às infovias (comunicações estratégicas). O SISFRON, segundo o general, tem o foco em fornecer os meios de mobilidade como veículos e embarcações, e os equipamentos que serão usados pelas tropas e pelos escalões de comando, não versando sobre sistemas de armas. Para isso, o Exército já tem outros projetos estratégicos em andamento, ocorrendo apenas a sinergia entre eles..
O coronel Jayme Octávio de Alexandre Queiroz teceu explanações a respeito da entrega de equipamentos, sensores e sistemas relacionados com o projeto
piloto do SISFRON: "Quanto ao Sensoriamento, serão entregues radares terrestres com câmeras de longo alcance acopladas, em instalações fixas (perímetro) e móveis (patrulhas e operações), seja em terra (viatura) ou em embarcações rápidas, mais os transportáveis, de uso pela tropa, acoplados a computadores portáteis robustecidos. Quanto aos sensores eletromagnéticos e sensores e sistemas de comunicações satelitais, estes serão entregues em versões fixas e móveis (viaturas Marruá com "shelteres" específicos). Não estão incluídos no piloto do SISFRON, mas serão adquiridos posteriormente, sensores como radares de vigilância à baixa altura, veículos aéreos não tripulados, sistemas de imageamento por satélite, e aeróstatos (a serem testados brevemente no Acre, inclusive como alternativa para a instalação de infovias de comunicações por micro-ondas em áreas de selva ou de difícil acesso). Em Apoio à Decisão, deverão ocorrer no segundo semestre as primeiras entregas do centro de comando móvel, composto de um "shelter" integrado, montado sobre chassi 6X6 Volkswagen Constellation 24280 QT. Todos esses recursos deverão utilizar como base o software C2 em Combate, em constante desenvolvimento pelo Exército, e utilizado operacionalmente tanto em missões de paz, como a MINUSTAH (Haiti), quanto em grandes exercícios como a "Operação Paraibuna II", da 2ª Divisão de Exército (ver T&D nº 136). Nas Comunicações, as entregas de comunicações táticas estão sendo organizadas em módulos, cada um cobrindo uma necessidade. Rádios portáteis multibanda digitais com câmeras acopladas, e capazes de transmissão on line já estão sendo entregues e utilizados em operações reais como a recém encerrada Ágata 8, que abrangeu 11 estados e vigiou a fronteira brasileira com dez países vizinhos. No nosso caso específico, seu uso está sendo feito pelos grupos de exploradores dos pelotões motorizados dos regimentos de cavalaria mecanizados, utilizando viaturas Marruá, da versão de patrulha. Áudio e vídeo podem ser transmitidos on-line dos exploradores ao comandante do pelotão; deste para o comandante do esquadrão; e deste para o comandante do regimento que, por sua vez, e fazendo uso de um MTO, pode retransmitir esses dados para os centros de comando e controle, sejam eles móveis ou localizados nas brigadas ou comandos de área".
Mas é nas comunicações estratégicas que se
encontra hoje uma das mais importantes obras do piloto do SISFRON, a construção das chamadas infovias. Segundo o coronel Jayme ,"De forma muito pragmática, o Exército decidiu instalar as torres de micro-ondas necessárias à transmissão de sinais, quando possível, em terrenos de OMs localizadas na região de fronteira e, quando não, em terrenos de organizações municipais, estaduais ou federais como escolas, postos da Polícia Militar, postos da Polícia Rodoviária (Estadual e Federal), ou bases de agências governamentais como o IBAMA, Receita Federal, etc. Na impossibilidade desse arranjo, a última alternativa a ser usada é a construção, quando autorizado, em terrenos privados. No noroeste do Mato Grosso, devido às dificuldades de acesso para a construção e a relativa distância da fronteira, serão erguidos quatro postos de estações fixas de satélite. Todo esse aparato de comunicações está coberto por um contrato de suporte logístico de cinco anos que envolve treinamento, entrega de documentação técnica, suporte a distância, fornecimento de peças de reposição, suporte em campo, etc". A equipe do CComGEx detalha o SISFRON para T&D, em Brasília
Para ampliar ainda mais o painel do que já está sendo entregue ou próximo disso, o coronel Jayme disse: "Já temos entregas de binóculos para todas as OMs da 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada (com
o respectivo treinamento para os usuários). Também está ocorrendo, como parte do "offset" acordado, o fornecimento de instalações (bancadas) de montagem e teste de optrônicos como os óculos de visão noturna (NVG). Na área de radares, já está em fase adiantada de desenvolvimento e testes o Sistema de Vigilância, Monitoramento e Reconhecimento (SVMR), nas versões transportável (SVMR-T) e fixa (SVMR-F). Ambos utilizam o radar terrestre SABER M-20 SENTIR, da BRADAR, acoplado a uma torreta giro estabilizada ("pan" e "tilt") dotada de câmera de longo alcance". Segundo o militar, no início de junho o equipamento na versão SVMR-T será submetido a testes de fábrica. A câmera de longo alcance que vai trabalhar junto ao SABER M-20 SENTIR, nas duas versões, também entra no offset de optrônicos, sendo montada em Porto Alegre (RS), recebendo suporte de manutenção no País. Até o final do ano chegará o primeiro exemplar da versão móvel do SVMR. As viaturas táticas leves serão empregadaspelos pelotões de exploradores dos esquadrões/regimentos de cavalaria mecanizados
Sobre o andamento dos trabalhos em sensores eletromagnéticos, foi a vez do coronel Márcio Ricardo Souza Fava, tecer comentários: "A tecnologia que estamos adquirindo tem origem alemã, através da Medav. Nessa fase piloto, dos 22 sensores contratados, seis serão importados e entregues integralmente pela empresa até o final de 2014, e o restante será montado aqui no Brasil, a partir de 2015, em parceria com a BRADAR, onde
já foram feitos os primeiros testes de bancada. O Exército também está buscando o desenvolvimento de um sensor nacional, o primeiro do tipo na América Latina, tratando-se de um equipamento de altíssima tecnologia aplicada. Até maio de 2015, segundo o cronograma, o sensor da Medav\ BRADAR deverá estar funcional e pronto para integração no piloto, com seu software de controle sendo alvo de ações de "offset". A Medav também foi contratada para prover o treinamento de emprego do sensor, e para isso foi montado um centro de treinamento nas instalações do CIGE. Neste local será formada, até o mês de junho, uma leva de instrutores capacitados a ministrarem aulas sobre sinais eletromagnéticos e operação dos sensores, não só para o piloto, mas para a continuidade do SISFRON".
A interface que vai permitir a operação eficiente dos sensores em todos os escalões é uma solução de desenvolvimento nacional, denominada "Sistema de Apoio à Decisão", ou SAD. O major Antônio Hannesch Junior explicou "Acabamos de aceitar a parte dois do SAD, já que o software foi
fragmentado em quatro "pacotes" incrementais a serem entregues por etapas (mais uma parte deverá ser entregue até dezembro). No início de junho, estarão concluídos os testes de aceitação de campo a serem feitos no CMO (sede). O pacote dois vai ser instalado no servidor daquele comando de área, e será feita a primeira interação do software com os equipamentos e sensores já disponibilizados, como os rádios multibanda Falcon III-M 7800, os rádios SPR Combate Câmera usados pelos soldados, e os centros de comando e controle. Teremos condições de plotar a posição de viaturas em movimento e dos soldados equipados com o SPR sobre mapas digitalizados, trazendo um enorme ganho em consciência situacional. Nesse estágio dos pacotes incrementais do SAD, essa solução já é amplamente mais eficiente que o Spot, usado há algum tempo pelo Exército. No próximo pacote faremos a integração do vídeo da câmera de combate e, até o final do ano, teremos todos os sensores entregues em 2013 integrados ao SAD, que fará a fusão dos dados gerados, repassando-os a seguir aos interessados. O SAD é um resultado interno do contínuo desenvolvimento do C2 em Combate, do qual o Exército tem pleno domínio através do Centro de Desenvolvimento de Sistemas (CDS), responsável pela governança da área de TI dentro da Força. Dessa forma, o SAD será o primeiro de uma genuína família nacional de softwares de comando e controle talhados especificamente para as necessidades brasileiras; um avanço indiscutível na gestão de softwares dentro do Exército".
O fornecimento de material de comunicações táticas, segundo o coronel Jayme, está dentro do cronograma: "O primeiro lote de equipamentos portáteis chegou a quase 600 rádios multibanda da Harris distribuídos nas OMs da 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada (assim como o treinamento). Dentre os veículos, o sempre confiável Marruá tornou-se a base de uma versão denominada viatura tática leve (VTL), e destinada aos pelotões de exploradores dos regimentos de cavalaria mecanizada. Essas viaturas estão equipadas com rádios multibanda, computadores robustecidos, e sistema de aquisição de imagens recebidas diretamente das câmeras de combate acopladas aos capacetes dos soldados que fazem parte da
guarnição. O mês de maio assistiu aos testes de campo para aceitação do modelo". O tenente-coronel Marcio Denys Pessanha Gonçalves complementou "A VTL foi um esforço muito bem coordenado, resultando numa integração muito positiva dos rádios, roteadores e computadores instalados a bordo. A VTL repassa as informações colhidas para o MTO que, por sua vez, estabelece o "link" até chegar aos centros de comando e controle, móveis ou não, e daí a informação vai para as infovias. Isso comprova que os equipamentos adquiridos cumprem as demandas de áudio e vídeo definidas nos requisitos do projeto piloto".
Por fim, os avanços na infovias foram detalhados.
O coronel Jayme explicou que "A rota de infovia Dourados-Ponta Porã deverá estar operacional, segundo as previsões, no final de julho. As obras de infraestrutura e construção das antenas repetidoras estão bem adiantadas nas duas extremidades do sistema". "O Software de Gestão Logística (SGL), outro desenvolvimento nacional do piloto do SISFRON, tem previsão de estar funcional no segundo semestre corrente, e já foi submetido aos testes iniciais de aceitação. A Savis, de acordo com o contrato, colocou em serviço um centro de atendimento ao cliente SISFRON, com quatro estações dedicadas, plenamente funcional, mesmo faltando a entrega do SGL. Já é possível às OMs usuárias enviarem e-mails ou telefonarem em busca de suporte para qualquer demanda relativa ao piloto. No planejamento das ações, teremos o fornecimento de mais material de comunicações táticas (rádios), a entrega dos centros de operações C2 dos regimentos de cavalaria mecanizados e da própria 4ª Brigada (na esteira da conclusão do Centro de Comando e Controle do CMO), o repasse de mais equipamentos de "Apoio à Atuação", como os entregues aos regimentos enquadrantes dos novos pelotões de cavalaria mecanizados de Caracol e Mundo Novo, e do esquadrão de Iguatemi, todos inaugurados em abril último. A ativação destas frações teve como objetivo a racionalização das estruturas operacionais existentes, por meio da centralização dos meios empregados e da presença seletiva na faixa de fronteira. O segundo lote de viaturas VTL também será disponibilizado nos próximos meses, e as "infovias" nas novas rotas de Aral Moreira a Amanbaí e Amanbaí a Guaíra, Campo Grande a Dourados, Coronel Cancelo, Antônio João e Bela Vista, e Jardim a Nioaque serão as próximas etapas no cronograma de ações das comunicações estratégicas a serem concluídas em 2014. A AEL Sistemas deverá repassar às OMs selecionadas as primeiras unidades dos binóculos termais multifuncionais e óculos de visão noturna e a 4ª Brigada irá alinhar um centro de comando móvel, o primeiro do tipo previsto para entrega. Também estarão disponíveis mais unidades do MTO sobre viaturas Marruá, as seis estações fixas de sensores de sinais eletromagnéticos importados da Medav serão repassadas ao piloto, e os seus operadores já estarão devidamente treinados e capacitados. Essas são as metas previstas para serem atingidas no segundo semestre de 2014, no projeto piloto", finalizou. |
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