Alarmistas 'formam uma máfia que se apossou da questão clima', diz cientista dinamarquês
Nesta semana entrou em vigência o acordo de Paris, assinado na COP21 em dezembro de 2015.
Ainda falta muito para saber se vai ser posto em prática pelas maiores economias responsabilizadas do 'aquecimento global'.
Nas circunstâncias atuais, continuam válidas as posições expostas por Bjorn Lomborg, cientista político dinamarquês, em entrevista à VEJA na sede da COP15, em Copenhague.
As suas declarações giraram em volta do escândalo do "Climagate" um caso de corrupção científica-ideológica que tinha no fulcro grandes ativistas do 'aquecimento global'.
Chama a atenção o quanto a situação atual de deturpação de dados continua vigente, e acrescida , nos ambientes aquecimentistas. Por isso reproduzimos a continuação...
Qual foi o estrago do 'climagate'?
O que está claro é que havia uma inclinação evidente para não compartilhar dados com pesquisadores cujos trabalhos não reforçariam a teoria do aquecimento global. Possivelmente, os dados foram mascarados, o que não significa exatamente uma falsificação.
O escândalo não pode ser considerado apenas uma tempestade em copo d'água. O que eles fizeram é muito sério e perturbador. Tem implicações muito maiores.
Esses cientistas formam uma máfia que se apossou da questão do clima.
Tive muitos problemas com essa máfia do clima. Quando estava escrevendo meu livro, tentei me corresponder com alguns daqueles pesquisadores que detinham dados pelos quais eu tinha interesse.
Recebi de volta algumas mensagens em cujo campo de destinatário eu fui incluído por engano. Foram mensagens reveladoras. Elas diziam: 'Esse homem é perigoso. Não forneçam nenhum dado a ele. Devemos ter cuidado em não deixar que nossas informações apareçam em pesquisas públicas'.
Por que o senhor é cético em relação ao aquecimento global?
Discordo da forma como as discussões sobre esse tema são colocadas. Existe a tendência de considerar sempre o pior cenário - o que aconteceria nos próximos 100 anos se o nível dos mares se elevar e ninguém fizer nada.
Isso é irreal, porque é óbvio que as pessoas vão mudar, vão construir defesas contra a elevação dos mares.
No entanto, isso é só uma parte do que tenho dito. Sou cético em relação a algumas previsões, sim. Mas sou cético principalmente em relação às políticas de combate ao aquecimento global.
O problema principal não é a ciência. Precisamos dos cientistas. A questão é que tipo de política seguir. E isso é um aspecto econômico, porque implica uma decisão de gastar bilhões de dólares de fundos sociais.
Em outras palavras, não sou um cético da ciência do clima, mas um cético da política do clima. Basicamente, digo que não estamos adotando as melhores políticas porque não estamos pensando onde gastar o dinheiro para produzir os maiores benefícios.
Com que cenários é razoável trabalhar quando se fala da elevação do nível dos oceanos?
Quando perguntamos aos cientistas do IPCC qual seria o resultado mais prováv el do aquecimento sobre o mar, eles disseram que o nível das águas subiria entre 18 e 59 centímetros. Esse é o parâmetro mais aceitável. Não faz sentido trabalhar com cenários de até 6 metros, como quer o Al Gore, ex-vice-presidente americano. Porque é tão improvável que isso aconteça quanto que não haja elevação alguma.
Análises e argumentos baseados no pior dos piores cenários induzem ao pânico, e o pânico não é a melhor forma de fazer um bom julgamento.
Quais são esses impactos?
Costumamos esquecer que a maioria dos lugares ricos no mundo conseguirá lidar com o aquecimento global.
A Holanda tem 60% de sua população vivendo abaixo do nível do mar. O principal aeroporto de Amsterdã fica 3 metros e meio abaixo do nível do mar. É simplesmente uma questão de tecnologia. Ninguém que vai à Holanda fica pensando: 'Ai, meu Deus, estou abaixo do nível do mar'.
Não que isso não seja problemático ou custoso. Mas é um custo que chega a 0,5% ou no máximo 1% do PIB.
Então, é bom enfatizar, o Rio de Janeiro nunca vai submergir, tampouco Nova York. Nos últimos 150 anos, o nível do mar subiu 30 centímetros.
Fala-se muito do impacto causado pela forma como as pessoas desperdiçam produtos e energia. Como o senhor faz no seu dia a dia?
Há muita confusão em torno desse debate sobre consumo ético, como se a questão toda se resumisse ao que a pessoa faz. Acho que reduzir tudo à idéia de que você deve fazer algo sobre seu consumo não é o melhor caminho.
Ambientalismo radical quer mudar a natureza humana, para escravizá-la num estilo de vida tribal gnóstico.
Se todos no mundo ocidental trocassem suas lâmpadas atuais por um modelo mais econômico, ao final de um ano as emissões se reduziriam apenas o equivalente à quantidade de CO2 que a China joga na atmosfera em um dia.
Resumindo: organizações verdes querem mudar a natureza humana, dizendo que não se deve querer ter ou gastar mais. É muito difícil mudar a natureza humana. Prefiro mudar a tecnologia. Assim,poderemos fazer o que quisermos, mesmo emitindo CO2.
As empresas estão fazendo sua parte?
A maioria das coisas que se veem por aí é marketing. É o chamado banho verde. Estão fazendo economia de energia como sempre fizeram, desde o início do século XIX, de quando datam as estatísticas.
Todas as empresas, em todos os lugares, inclusive nos Estados Unidos e na Europa, vêm reduzindo o desperdício de energia. Mas é óbvio que o que estão economizando são dólares. Não há nada de errado nisso. Só não devemos achar que elas estão salvando o planeta.
Por que o crescimento populacional não é levado em consideração nas discussões sobre clima?
Se fosse possível limitar substancialmente o crescimento da população mundial, provavelmente as emissões não aumentariam tanto. Mas você só consegue alterar essa variável dramaticamente num regime autoritário como o da China, onde o governo determina que os casais só podem ter um filho.
Fonte: Blog Verde a nova cor do comunismo.
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