quarta-feira, 2 de setembro de 2015

ALERTA:O PERIGO CHINÊS !

China 2015, 2016: Perigo Real e Imediato


















O título é de um livro do Tom Clancy que virou filme, portanto zero originalidade. Mas foi a frase que consegui pensar , sobretudo no que se refere as consequências sobre a economia brasileira, de um problema maior na economia chinesa nos próximos dois anos. Longe de mim assumir o papel de arauto do caos. Serei repetitivo no argumento de que não existe esta história de otimista e pessimista. Entender o que o cenário econômico nos reserva e tentar antecipar-se aos possíveis desdobramentos dos eventos é o melhor que podemos fazer. Por isso precisamos falar sobre as ameaças, de preferência, de uma forma realista. Gosto muito da frase do Nassim Taleb que é “Como viver em um mundo que não entendemos?”  Se esta pergunta tivesse resposta, ela seria: “Pensando de forma realista e honesta sobre o futuro”. Dito isto, me aventuro em um exercício para tentar esclarecer o que está acontecendo com a China, e o que pode resultar em consequências para o Brasil. 


O problema...

A economia chinesa é, atualmente, o maior risco para a economia mundial. Começo esta tentativa de análise com uma frase mais forte para que não existam dúvidas. Não acho que a Grécia seja um problema com o qual o mundo terá que lidar. Na verdade, acho que é apenas um problema europeu, com poucas e conhecidas consequências sobre o resto do mundo. Esta história de que  uma saída da Grécia do Euro pode animar Portugal, Espanha e outros a seguirem o mesmo caminho me parece mais "wishfullthinking" de cientista político do que algo que tenha aderência a realidade econômica. Minha preocupação é com a China. Existem problemas sérios estruturais e conjunturais no grande dragão.

Comecemos pelo estrutural. O modelo de crescimento escolhido pelos chineses nos últimos anos foi via industrialização. De forma resumida, este modelo consiste em atrair indústrias intensivas em mão de obra ao país através de incentivos tributários, de capital e, obviamente, cambiais. Com todos estes incentivos as empresas que possuem cadeias de produção globais levam a parte mais cara desta linha de produção para o país. A Apple é um exemplo. Esta estratégia promove desenvolvimento acelerado, sobretudo se não há base industrial no país. Funcionou em quase todos os lugares do mundo em algum momento da história econômica dos países.

Este modelo funcionou bem até uns 5 anos atrás quando o Governo chinês percebeu que existiam limites para continuar a crescer desta forma. Fácil entender o porquê. Grandes empresas possuem limitações físicas relacionadas à infra-estrutura. Um exemplo são as formas de escoar a produção (portos, aeroportos). O custo final dos produtos é diretamente influenciado pela forma como estas conseguem obter ganhos de eficiência com boa infra-estrutura. O contrário também é verdade.  Basta pensar no caso brasileiro e como sofremos com isto. Além disto, indústrias mais maduras e já instaladas preferem investir em tecnologia para ganho de escala e aumento de produção sem aumento de mão de obra. Assim, o modelo de desenvolvimento industrial não permitira que a velocidade de absorção da população chinesa no mercado de trabalho continuasse a mesma, o que obviamente traria implicações para equilíbrio do povo-governo. Obviamente que estou resumindo a análise, mas o tema principal do problema é este. O modelo precisa mudar. Sempre é importante ter em mente que as grandes mudanças de dinastias e regimes na China ocorreram quando a situação da população piorou drasticamente em curto espaço de tempo. Não dá para dar esta bobeira por lá.

O que o partido comunista fez foi redirecionar o modelo de crescimento para o setor de serviços. Serviços, em tese, possuem capacidade maior de absorver a mão de obra, e com  diferentes níveis educacionais. Basta pensar que o chinês que migrou do campo para a cidade (algo que era regulado até pouco tempo) não encontrou emprego em uma fábrica mas pode trabalhar como prestador de serviço dela, ou de serviços indiretos gerados pela existência desta fábrica. E estes serviços geram serviços adicionais. Pense em um hospital que se instalou perto de uma indústria para atender seus funcionários. E que fez com que um barbeiro também fosse, para atender os funcionários e este hospital.  Por isto eles mudaram a orientação, obviamente, com muito estudo e planejamento.

O diabo, como sempre, mora nos detalhes. Esta transição é algo bastante complexo de ser realizada. Mesmo em economias bastante controladas como a chinesa, a execução disto não é algo trivial e sem percalços. O Governo precisa tomar medidas e direcionar esforços, mas sem deixar este setores dependentes dele. Mesmo no capitalismo de estado chinês o governo sabe que os setores devem andar, em algum momento, com suas pernas. Algo fácil de teorizar mas dificílimo de executar.

Dois pontos importantes sobre a mudança de visão do Governo chinês são a abertura do setor bancário ao capital estrangeiro (algo impensável até alguns anos, afinal o sistema financeiro é estratégico para controle do país) e a flexibilização da política do filho único, dado que nenhum sistema previdenciário a ser implementado no futuro sobreviveria a equação de dois homens para uma mulher. O que na minha visão é uma tragédia bíblica. Mas outros amigos meus podem ver exatamente o inverso. Cada um com seu cada qual. O que não dá para discordar é que a inflexão no equilíbrio entre gerações impediria qualquer sistema previdenciário a ser instalado no futuro.


As consequências...

Esta transição reduz o consumo das famílias e empresas. Até que o novo modelo e seus incentivos funcionem, a retirada dos anteriores faz com que a economia ande em uma velocidade menor. Isto reduz consumo e acaba por expor situações de fragilidades, tais como o endividamento das empresas (dívida corporativa) e famílias (por exemplo, mercado imobiliário). Para piorar existe um sistema financeiro paralelo (Shadow Banking System), onde pequenas empresas e pessoas converteram-se em bancos regionais de forma ilegal. Uma agiotagem em larga escala, que está enfrentando forte elevação da inadimplência. Que isto vai afetar a economia oficial é uma certeza, afinal inadimplência gera consequências para todos. Mas o como isto acontecerá é um dos problemas desconhecidos que tanto nos preocupamos.

A forte e duradoura desaceleração na economia chinesa já deriva das consequências sobre os preços das commodities mundiais, especialmente minério de ferro e petróleo, e em menor medida alimentos. Para países como o Brasil e Austrália que são grandes exportadores de alguns destes itens o efeito na balança comercial é devastador. Mas toda a estrutura de comércio mundial de bens deve ser afetada. Mesmo com o crescimento dos EUA, não teremos substituição de demanda direta, afinal o que o americano médio gosta de importar é diferente do que o chinês médio pode importar. Os efeitos deletérios sobre o comércio são lentos, mas duradouros, impactando cadeias de produção no país e espalhando seus efeitos.

O grande medo está nas ondas de choque resultantes de possíveis problemas nos mercados de ações e no mercado imobiliário. Não teremos nada parecido com o que foi visto em 2008, até porque são estruturas diferentes, e os chineses possuem muita liquidez financeira em poupanças pelo mundo, o que torna a natureza de qualquer estouro de bolha (sejam ativos financeiros ou imobiliários) diferente do que vimos em 2008, onde a liquidez mundial era baseada em crédito. Mas os efeitos sobre aversão ao risco podem ser similares – torcendo para serem em menor escala – mas com efeitos sobre países sino-dependentes, como é o caso do Brasil.


O que esperar...

No atual contexto teremos mais um motivo para desvalorização do real frente ao dólar, mais com cara de estrutural do que conjuntural, o que quer dizer na prática de que até que condições globais mudem radicalmente, teremos um novo nível de taxa de câmbio de forma duradoura. Se o real desvaloriza muito, teremos algum contágio nos preços internos e a taxa Selic terá que permanecer elevada mais tempo para conter as expectativas de inflação, o que prolongará nossa permanência em recessão.  Um ponto importante, o câmbio desvalorizado não ajustará nosso balanço de pagamentos imediatamente. Dependemos do comércio mundial para que o real desvalorizado possa aumentar as exportações. Um câmbio desvalorizado não garante exportações, a despeito do que é ensinado por alguns professores de economia. Depende do outro lado querer comprar nosso bens. E tirando os EUA é um pouco difícil imaginar demanda mundial em larga escala.

Um aumento da aversão ao risco por causa de algum potencial estouro de mercado de imóveis e ações, levaria os fluxos de capitais mundiais a evitarem qualquer mercado diretamente relacionado a China. Parece estranho, mas quando a correlação entre o desempenho de países é elevada, o capital passa a evitar os dois países. E se o Fed vai subir juros em 2016, ficará mais difícil atrair fluxos de capitais de qualquer natureza. Não se iludam, o capital financeiro(conhecido na grande mídia golpista como especulativo, capital motel, etc..) até pode ir onde o capital produtivo não vai, mas o capital  produtivo não vai onde o financeiro não deseja estar.  

Por fim...

É claro que temos que levar em consideração que a China não é uma democracia, e que o Governo pode tentar controlar a economia sem discussões com a sociedade, i.e., aprovar planos no Congresso. Mas mesmo observando por este ótica teríamos que supor que é possível ao Governo, mesmo sendo o chinês, enfrentar os mercados. Eu nunca vi nenhum Governo vencer. Pode ganhar algumas batalhas, mas nunca vi vencer esta guerra.  

Não é possível prever o futuro. Poderemos construir cenários com maiores ou menores chances e adaptarmos de acordo com a evolução dos eventos, de preferência antecipando-as ao que julgamos mais provável. É a mesma lógica do mercado de seguros. Se algo de muito ruim vier, creio que será de lá. O quão ruim este evento será para nós depende do quanto estejamos preparados para ele.

Sempre tendo em mente que a única coisa que sabemos ao certo é que crises e eventos que elevam os riscos globais e mudam a trajetória dos preços dos ativos sempre ocorrerão. O capitalismo é o pior modelo econômico que existe, exceto todos os outros. E ele é instável por natureza. Esta instabilidade pode ser positiva ou negativa. Depende do grau de realismo com a qual ela é enfrentada.


Consumo de porco na China é perigo mundial

porco1

A carne de porco é fundamental para a cozinha chinesa. Os chineses apreciam todas as partes do animal – do rabo ao focinho. Mas até muito recentemente comiam porco raramente e, milhões de pessoas comiam muito raramente. E é justamente isso que mudou e está mudando, de acordo com a revista britânica The Economist, em dezembro. 
Desde os anos 70, quando China liberalizou a agricultura familiar, o consumo de carne de porco aumentou praticamente sete vezes. Agora, o país produz e consumo 500 milhões de porcos ao ano – metade da produção mundial. Além de ser uma parábola do incrível crescimento do país, a avidez pela carne de porco trará consequências para a economia e meio ambiente de todo o planeta.
Parta do pressuposto que o porco faz parte da cultura, cozinha e famílias chinesas há milhares de anos. É a carne mais comida e apreciada. No Mandarim, a língua oficial da China, a palavra para “carne” e para “porco” é exatamente a mesma. O porco é também um dos 12 animais do zodíaco chinês, representando uma pessoa simpática, generosa e diligente. O ano do porco significa prosperidade, fertilidade e virilidade. Quer mais?

Consumo médio anual é de 39 kg

Até os anos 90, a dieta alimentar dos chineses era praticamente de vegetais. Hoje, comer carne é um símbolo de sucesso na vida. Um chinês de 51 entrevistado pela revista admitiu que, quando criança, comia a carne apenas três vezes ao ano. Hoje, o consumo médio anual de um chinês é de 39 kg de porco. Não esqueça que falamos de uma população de 1,3 bilhão!
The Economist mostra o impacto desse crescimento tanto para a China como para o resto do mundo. O Partido Comunista chinês criou uma reserva de carne de porco – congelada e de animais vivos – para ter controle sobre o preço da carne. Isso porque, em 2007, uma doença exterminou 45 milhões de porcos, elevando o preço da carne, o que disparou a inflação do consumidor. Com a reserva, o governo mantém preços estáveis e consumidores felizes.

Subsídio de US$ 47 por porco

O governo dá também incentivos fiscais, empréstimos subsidiados e vacinação gratuita para os animais. Ao todo, a estimativa é que o governo tenha gasto US$ 22 bilhões com subsídios em 2012 – ou US$ 47 por porco.
A maioria dos porcos é criada na China, mas a ração – basicamente grãos de soja e de milho – é importada. The Economist entrevista um consultor que estima que metade da ração produzida em todo mundo será consumida em breve pelos porcos chineses. Em 2010, a China já comprou 50% de toda a produção global de soja. A estimativa é que em 2022 os chineses terão de importar de 19 milhões a 32 milhões de toneladas de milho, o que equivale a um quinto a um terço de todo o milho comercializado hoje.
Consequências listadas pela revista: a expansão das plantações de soja no Brasil que já ocupariam 25 milhões de hectares, inclusive na Amazônia. Em algumas regiões da Argentina, que trocou a pecuária pela soja, são feitas duas ou três colheitas anuais à base de agrotóxicos proibidos na Europa. Não bastasse, a China tem comprado terras em outros países para plantar grãos e criar porcos. Compra também empresas, como a norte-americana Smithfield Foods, levando junto terras nos Estados do Missouri e Texas.
Adicionalmente, o uso indiscriminado de antibióticos nas criações é um risco potencial tanto para a saúde dos animais como de humanos à medida que cria bactérias resistentes. Um problema adicional é o destino de 5 kg de dejetos diários produzidos por cada animal, que são fonte de poluição ambiental.👎👋
PARA MAIORES DETALHES ACESSE OS VÍDEOS:
1)https://www.youtube.com/watch?v=QeD1LJg8lZM
2)https://www.youtube.com/watch?v=NTsRlZAkYE8

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