Pode parecer que o mundo é mais gentil com as mulheres hoje e, de fato, elas conquistaram muitos direitos que não possuíam no passado. No entanto, o respeito à mulher não depende só de leis, mas também é um processo cultural.
A violência doméstica é proibida no Brasil, mas isso não impede homens de baterem em mulheres, enquanto muitas delas não denunciam o crime por medo.Uma em cada três mulheres sofre violência doméstica
Felizmente, a figura está começando a mudar. Segundo o Balanço de 2013 da Central de Atendimento à Mulher – Disque 180, serviço prestado pela Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, naquele ano subiu de 50% para 70% o percentual de municípios de origem das chamadas. Também, cresceu em 20% a porcentagem de mulheres que denunciou a violência logo no primeiro episódio.
Ainda segundo o mesmo levantamento, os autores das agressões relatadas são, em 81% dos casos, pessoas com quem as mulheres têm ou tiveram vínculo afetivo.
Claro que parentes podem ser os agressores, mas em muitos casos a mulher acaba sofrendo nas mãos de um namorado ou marido. Sendo assim, os pais de meninas que se preocupam com sua segurança podem ajudá-las a se prevenir.
Por exemplo, alta autoestima aumenta a probabilidade de uma menina de encontrar relacionamentos saudáveis. Caso ela se envolva com um homem violento, será mais propensa a deixá-lo.
Confira as recomendações de nove especialistas sobre como educar filhas resistentes e fortes:
1. Dê o exemplo
Seja o modelo que você quer que sua filha copie. De acordo com a Dra. Michele Borba, educadora e autora de best-sellers, se você quer que ela seja assertiva, ela precisa te ver sendo assertiva, defendendo suas opiniões, mesmo que sejam impopulares. “Deixe sua filha saber que você valoriza as pessoas que dizem o que pensam. E diga-lhe que você honra suas opiniões”, afirma.
2. Ensine-a a questionar estereótipos
É fundamental ensinar seus filhos a questionar os estereótipos apresentados por meios de comunicação e pela cultura pop. Jennifer Siebel Newsom, cineasta e CEO e fundadora do The Representation Project, sugere que você incentive suas filhas a não aceitarem o sexismo e a violência gratuita como sendo a norma. “Ensine-as a questionar a narrativa tóxica que diz que meninos não podem ter emoções ou ser sensíveis, e que as meninas devem valorizar sua juventude, beleza e sexualidade acima de qualquer outra coisa”, explica.
3. Mostre-a o que é um relacionamento
saudável
É importante para as meninas verem como funciona um relacionamento justo e respeitoso. Ensine suas filhas como elas podem discordar ou ter conflitos de uma forma saudável. “Ajude-as a aprender a desenhar limites do que é seguro e confortável para elas, e como comunicar seus desejos e sentimentos”, diz Esta Soler, presidente da organização contra a violência Futures Without Violence.
4. Ensine-a que aparência não é tudo
“Eu quase nunca digo aos meus filhos que o seu valor vem de sua atratividade. Se esforçar, ter boas notas, garra e educação recebem toda a atenção e validação em minha casa”, explica Nancy Hogshead-Makar, da fundação Women’s Sports Foundation. Além disso, segundo ela, desde os primeiros dias, é preciso reforçar para suas filhas que seus corpos lhes pertencem. Se elas pedem que você pare de fazer cócegas, por exemplo, é preciso que você pare – elas têm que ter controle sobre seu corpo.
5. Diga-lhe que casar ou ter um parceiro
não é o mais importante
“A mensagem de que o amor de um homem deve ser o maior objetivo das mulheres rodeia esmagadoramente nossas filhas desde que elas são crianças”, argumenta Melissa Wardy, autora do livro “Redefining Girly” (em português, algo como “Redefinindo o que é feminino”). Os pais podem dar as suas filhas o conhecimento de que ter um homem em sua vida não será a sua maior conquista, nem vai defini-la. “Ao assegurar que nossas meninas cresçam para serem educadas, resistentes e autossuficientes, nós podemos garantir que elas não definam o seu valor a partir de fontes externas”, diz.
6. Mantenha um diálogo aberto com ela
Tenha conversas abertas com suas filhas, que permitam honestidade profunda, perguntas desconfortáveis e oportunidades para elas compartilharem as coisas que as fazem se sentir vulneráveis e inseguras. “É importante que vocês avisem que nada do que elas compartilharem com vocês será julgado. E é ainda mais importante se certificar de que vocês realmente não a julguem”, diz Jessica Weiner, CEO de Talk To Jess.
7. Explique que ela não é menos valiosa
que um menino
“Desde os primeiros séculos, nossas crianças são inundadas com mensagens de que as meninas são menos valiosas do que os meninos, que são um mero objeto a ser sexualizado e valorizado pelos homens. Como resultado, muitas meninas crescem sem um forte senso de valor intrínseco, e todos esperam e aceitam maus tratos por parte de parceiros”, explica Carrie Goldman, autora do livro “Bullied: What Every Parent, Teacher, and Kid Needs to Know About Ending the Cycle of Fear” (em português, algo como “Pessoas que sofrem bullying: o que cada pai, professor e criança precisa saber para acabar com o ciclo de medo”). Segundo ela, para reverter esse pensamento, temos que contrariar as mensagens culturais que todas as nossas crianças – meninos e meninas – recebem sobre seus papéis no mundo.
8. Ajuda-a a empoderar-se
De acordo com a Dra. Robi Ludwig, psicoterapeuta, é preciso ajudar sua filha a se sentir bem sobre quem ela é. “Tenha grandes expectativas sobre o que ela pode realizar no mundo com base em seus pontos fortes. Ajude-a a ver-se não só pelo que e quem ela é, mas pelo que ela pode ser”, afirma. Também é interessante transmitir essa importância de ter altas expectativas para seus relacionamentos.
9. Ensine-a a respeitar-se
Muitas vezes os pais conversam com seus filhos sobre a necessidade de respeitar os outros, mas poucos ensinam o autorrespeito. Segundo a Dra. Robyn Silverman, especialista em desenvolvimento infantil e adolescente, as meninas precisam aprender a se dar valor. Somente respeitando a si mesmas é que elas vão obter respeito dos outros.
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