Leia este documento e veja como os próximos seis meses podem ser decisivos para você e sua família!!!
Caro leitor,
Meu nome é Felipe Miranda, sou sócio-fundador da Empiricus Research, a maior consultoria de investimentos do Brasil.
Tenho uma pergunta simples e direta:
Você quer ver o seu patrimônio crescer de forma sustentável e segura pelos próximos anos, certo?
Então, torça por um período moderadamente ruim para os seus investimentos nos próximos seis meses.
Sei que isso soa paradoxal e contraintuitivo, mas peço atenção para esse aparente absurdo.
Leia um pouco mais deste alerta antes de decidir ignorá-lo. Ao final, estou certo de que você entenderá a mensagem e sairá muito mais preparado.
O fato é que estamos numa situação econômica extrema e, quanto mais para frente a Crise for empurrada, mais devastadoras serão suas consequências.
Provarei nas próximas linhas porque a Crise Mundial é inevitável e mostrarei como ela chegará ao Brasil, muito provavelmente nos próximos meses, com dois eventos singulares:
- O primeiro, em julho, com as agências de risco rebaixando o rating brasileiro, o que poderá inclusive culminar na perda de nosso grau de investimento (BRexit).
- Já o segundo, em setembro, quando o Federal Reserve (Banco Central americano) poderá dar o golpe de misericórdia elevando a taxa de juros dos Estados Unidos, num processo que desencadeará o estouro de bolhas por todo o Planeta.
Falarei adiante sobre essa alternativa, e você entenderá exatamente o meu ponto.
A Década Perdida
Você já sabe que a nossa economia não vai nada bem.
A inflação chegou à perigosa marca de 8% e já caminha para os 9%.
Na tentativa de contê-la, o Banco Central vem seguidamente aumentando a taxa Selic, que saiu do piso histórico de 7,25%, rompeu a barreira dos 13% e já há quem fale em 15%.
Como reflexo dessas medidas, nosso Produto Interno Bruto parou de crescer. Agora ele está regredindo e tem tudo para terminar o ano com crescimento negativo de -2%.
Note que a economia brasileira cresceu 0,2% em 2014, deve encolher cerca de -2% neste ano, ficar estagnada em 2016 e tende a uma expansão da ordem de 1,5% em 2017.
Ou seja, entraremos em 2018 com um PIB equivalente àquele de 2013 – e com uma renda per capta cerca de 5% inferior à observada 5 anos antes.
As consequências já são sentidas pela população brasileira, desde o trabalhador mais simples até o empresário.
Com o ambiente de incertezas, o desemprego só faz crescer…
Mas isso tudo você já sabe...
Mesmo quem se interessa pouco por economia percebe as dificuldades atuais ao fazer as compras do mês, ao administrar o próprio negócio ou ao buscar uma qualificação melhor.
O governo descuidou das contas públicas, manteve uma política econômica insustentável e deixou o País numa situação vulnerável.
Não está fácil para ninguém… e pode ficar pior. Bem pior.
Só que a piora desta vez não se dará mais por responsabilidade do nosso governo.
O que vou revelar agora talvez fuja um pouco do senso comum, já que ainda não é percebido claramente em nosso dia a dia.
É natural. Ninguém está interessado nisso. A imprensa apenas reproduz fatos estilizados das expectativas de consenso, e os grandes bancos jamais falarão do problema, pois estão mais interessados em salvar a si mesmos.
O fato é que o mundo caiu numa espécie de armadilha do crescimento, e não há como escaparmos dela sem dor.
Veja só.
Nos últimos anos, as economias mais desenvolvidas do Planeta vêm crescendo a taxas abaixo da média histórica.
Num ambiente de inflação baixa (ou mesmo de deflação em alguns países), as bolsas e os ativos financeiros estão atingindo suas máximas históricas, com índices completamente desapegados dos fundamentos da economia.
Esta bolha já está em formação.
Quanto maior ela ficar, pior será o estrago em todo o Planeta.
Especialmente no Brasil. Particularmente no seu bolso.
Já vimos que a nossa economia está frágil – com crescimento negativo, inflação e taxa de juros altas e desemprego em ascensão.
Se a bolha internacional continuar crescendo, seu estouro trará consequências ainda mais devastadoras por aqui. Estamos totalmente despreparados para uma crise externa.
Mais recessão. Mais inflação.
Taxas de juros e dólar nas alturas.
Menos empresas, mais desempregados.
Menos empresas, mais desempregados.
Justamente por isso, é preferível que a crise chegue ao Brasil o mais rápido possível.
Quanto menos a bolha for inflada lá fora, menores serão as consequências. Temos de esvaziá-la o quanto antes.
Com um tombo menor, a recuperação é menos dolorosa e em bases mais sólidas.
Mas, afinal, como a crise internacional pode chegar por aqui no próximo 16 de setembro?
Já vou explicar. Antes, é preciso entender o cenário atual.
Tudo começou na Crise de 2008
Você se lembra bem dessa crise, que derreteu as Bolsas em todo o mundo e gerou enorme desemprego, inclusive aqui no Brasil.
Para enfrentá-la, o Federal Reserve (Banco Central americano) tomou algumas medidas drásticas, reduzindo as taxas de juros a praticamente zero e injetando dinheiro na economia.
Sob juros zerados, com muito dinheiro disponível e sem alternativas de investimentos na economia geral – que cresce pouco –, só resta aos investidores comprar coisas mais arriscadas como ações e outros papéis menos conservadores. Aí o valor dos ativos de risco tende a subir nas alturas.
Veja o que está acontecendo com as bolsas americanas.
Uma forma de avaliar até que ponto uma Bolsa está cara ou barata é dada pela divisão entre o preço dos ativos e o lucro por ação das empresas (P/L).
Quanto maior o P/L, mais cara está a Bolsa.
Pois não é que o P/L atual já atingiu o terceiro posto de mais alto da história?
Em 135 anos de Bolsa nos Estados Unidos, somente em dois momentos o P/L esteve em níveis mais altos do que o atual.
Em 1929 e em 2000.
Esses anos lhe são familiares?
Provavelmente. Tratam-se exatamente dos momentos que precederam os dois maiores CRASHES da história do mercado de ações.
Foram anos de estouro de bolha e crise econômica com terríveis consequências para a população norte-americana e mundial.
Aí você poderá perguntar: “Temos então um estouro de bolha previsto já para este ano?”
Não necessariamente. É simplesmente impossível prever o momento exato de um crash, muitas vezes a bolha infla mais um pouco antes de estourar.
Mas o que podemos afirmar com convicção é que um P/L assim tão alto prejudica bastante o retorno dos anos seguintes, colocando em risco toda uma década.
O pior é que esse não é o único indicador que aponta para um mercado sobrevalorizado, na iminência de um estouro.
Veja o indicador “Buffet” – medida de valuation favorita do megainvestidor Warren Buffet:
Grosso modo, ela compara o valor das ações ao PIB do país.
Seu nível atual (132,3%) já é o segundo maior da história americana, acima inclusive do de 1929. O primeiro foi – novamente – em 2000.
Há outros indicadores, para diferentes gostos. E, sem exceção, TODOS dão o mesmo alerta:
A Bolsa americana está cara.
E os investidores de lá já estão começando a se dar conta disso.
“Mantendo as taxas de juros assim baixas,
acabamos criando bolhas mesmo sem perceber.”
acabamos criando bolhas mesmo sem perceber.”
É o que alerta o bilionário Carl Icahn sobre a política monetária do Banco Central americano. Sobre o estouro iminente, ele é ainda mais enfático:
“Não é uma questão de SE, mas sim de QUANDO vai acontecer.”
O problema não é novo, já vimos algo assim antes.
Foi há cerca de 75 anos, em 1937.
Veja.
A linha laranja mostra o índice da Bolsa americana, de 1930 a 1942.
O mercado parecia se reerguer após a Crise de 1929, mas a recuperação se demonstrou frágil, e a Bolsa despencou novamente sete anos depois.
Naquela época, em resposta à crise, o Banco Central dos Estados Unidos afrouxou a política monetária reduzindo a taxa de juros e expandindo a oferta de moeda.
Com essas medidas, as Bolsas subiram fortemente.
Só que, no ano de 1937, eles apertaram novamente a política monetária provocando uma forte correção nas Bolsas, como mostrado no gráfico.
Note que a dinâmica de agora é rigorosamente a mesma. Os Bancos Centrais cortam as taxas de juros em resposta à crise de 2008, as Bolsas sobem fortemente pelo mundo e batem novos recordes. E, sete anos depois, o BC dos EUA se prepara para subir os juros.
O que você acha que vai acontecer agora?
Note que o problema desta vez é ainda mais complexo, já que o fenômeno não se restringe ao mercado norte-americano.
Os Bancos Centrais despejaram dinheiro na economia mundial numa quantidade sem precedentes.
Há mais de 100 trilhões de dólares de excesso de liquidez no mundo.
Abaixo, você pode ver o completo desequilíbrio do balanço dos Bancos Centrais da Inglaterra (BoE), dos EUA (FED), da Zona do Euro (ECB) e do Japão (BoJ) em relação ao PIB de suas respectivas economias:
Os Bancos Centrais vêm hesitando em acabar com essa farra da liquidez, que se torna cada vez maior.
Temos o fantasma da crise de 2008 ressuscitado, acrescido de uma enorme quantia de dinheiro impressa durante os últimos anos não só nos EUA, mas também na Europa, no Japão, na China…
O exemplo da China, aliás, é bastante emblemático.
A Bolha Chinesa
Veja só o que está acontecendo neste exato momento à Bolsa de Xangai:
Subiu bastante, não?
Podemos constatar esse crescimento impressionante na linha verde do gráfico.
O problema é quando o comparamos à linha vermelha: Nasdaq, bolsa eletrônica dos Estados Unidos, pouco antes do estouro espetacular da bolha “pontocom”.
Tente ver a linha vermelha como uma montanha-russa. Pois a verde é o carrinho trilhando seu percurso. Ele já completou praticamente toda a subida.
Sentiu um frio na barriga? É o que a maioria sente quando está lá em cima e olha pra baixo.
Veja novamente estes dois gráficos.
Reparou como são parecidos?
Índice Dow-Jones de 1930, Bolsa Nasdaq de 2000, S&P de 2007 e Bolsa de Xangai de 2014 – todos seguindo uma trajetória bastante similar.
Já conhecemos o desfecho do Dow-Jones e da Nasdaq, e temos um ótimo palpite do que está para acontecer com o S&P e a Bolsa de Xangai.
Afinal, como o bilionário disse, “Não é uma questão de SE, mas sim de QUANDO vai acontecer.”
Fenômeno semelhante ocorre com o índice Shenzhen Composite, de empresas chinesas de tecnologia. Ele praticamente triplicou ao longo do último ano.
E, na bolsa de startups ChiNext, a valorização atual já corresponde a 140 vezes o faturamento anual de 2014. Isso mesmo, 140, quando 50 já seria um múltiplo extremamente otimista até para a mais avançada das empresas de tecnologia.
Mas voltemos à Bolsa de Xangai, a mais tradicional.
Nos últimos 8 anos, o mercado financeiro meio que acompanhou o crescimento do PIB.
Note como o índice da Bolsa chinesa (linha vermelha) segue uma trajetória bastante similar ao percentual de crescimento do PIB (colunas azuis).
Quando o PIB sobe mais, o índice acompanha a subida. Se o PIB sobe menos, o índice cai.
Foi assim até 2014. A partir daí, o índice começou a se afastar dos fundamentos da economia.
Repare no gráfico o ano de 2015. A linha vermelha fugiu completamente das colunas azuis.
Não à toa, o P/L médio da Bolsa chinesa chegou a 23, patamar já acima do alcançado pelo índice americano S&P 500.
Com uma grande diferença.
O setor de bancos, que tem o maior peso no índice, ficou fora de boa parte dessa alta e puxa o P/L para baixo.
Se montarmos uma lista com todas as empresas do índice, ordenadas do maior P/L ao menor, a empresa que se encontrará bem ao centro da lista apresenta um P/L de 75.
Quer dizer, são necessários 75 anos de lucros para compor de volta o valor investido na empresa.
Há excessos ainda mais emblemáticos, apresentados pelo Estadão on-line, site do Grupo Estado.
Uma empresa de ração para animais domésticos é negociada a 221 vezes seu faturamento.
Uma fábrica de saunas, a 285 vezes.
E uma fábrica de ventiladores, a 732 vezes.
Haja verão para vender tanto ventilador que justifique esse preço.
Não à toa, 85% das empresas listadas apresentam atualmente valorização acima da atingida no ápice da bolha que se formou nas bolsas chinesas em 2007.
A mudança de política monetária, injetando dinheiro na economia, e os estímulos fiscais ajudam a explicar o rali atual. A expectativa de ainda mais dinheiro e estímulos intensificam esse rali.
“Só que a economia chinesa está ficando “sem ar”, é o que diz o economista Wolf Richter.
Um exemplo é a indústria automobilística, que contava com um crescimento de 9% ao ano, mas cresceu apenas 3,7% em 2014 e agora está cortando os preços.
O megainvestidor Marc Faber já vinha alertando para uma desaceleração da economia chinesa, em que o crescimento ficaria em torno de 4% ao ano. Ele não contava com o último relatório da consultoria Fathom, que agora aponta para um crescimento chinês da ordem de 2,5% em 2016.
Esse percentual é muito abaixo do que o reportado pelas projeções oficiais.
Só que o problema não se limita a Estados Unidos e China.O Planeta inteiro está em bolha.
Já vimos o que está acontecendo na China: os preços dos ativos de risco se descolaram dos fundamentos econômicos.
Também vimos que a situação é semelhante nos EUA, onde o valor das ações comparado ao PIB do país já apresenta o segundo maior nível da história – superior aos da Crise de 1929 e 2008, e inferior apenas ao da Crise pontocom, em 2000.
Mas e o resto do mundo? Será que as maiores economias do Planeta se encontram numa situação mais confortável, capaz de aliviar os desdobramentos de um colapso de EUA e China?
Você já deve imaginar a resposta.
Você já deve imaginar a resposta.
Veja este gráfico, da National Inflation Association (NIA).
O gráfico compara o valor do mercado das ações ao PIB das 24 maiores economias do mundo, de 1991 a 2015.
Grosso modo, funciona assim: cada país é analisado individualmente. Seu momento de menor relação entre valor do mercado de ações e PIB é transformado em 0%. Já o momento de maior relação é convertido a 100%.
Os Estados Unidos, por exemplo, estão atualmente com essa relação convertida para 95,56% – 100% teria acontecido na Crise pontocom, em 2000.
Segundo a NIA, estar acima de 75% já é suficiente para caracterizar um mercado sobrevalorizado. É como um sinal amarelo.
Acima de 90% é sinal vermelho – mercado extremamente sobrevalorizado.
Dos 24 países, 14 – mais da metade – estão em sinal vermelho, acima dos 90%.
Outros 5 já entraram no amarelo.
A média do grupo todo é 93,69%, como podemos ver no gráfico.
Sabe quais são os países com relação mais baixa? Chile, Rússia, Grécia e… Brasil.
“Opa!”, você pode pensar. “Se a relação está baixa por aqui, então a Bolsa está barata. Vamos comprar ações desde já.”
Calma.
Assim como Grécia e Rússia, estamos falando de países já em crise, que sofrerão ainda mais quando a bolha mundial estourar.
E falta pouco.
Os Bancos Centrais despejam dinheiro na economia por todo o Planeta…
Eles seguram as taxas de juros a patamares baixíssimos…
É possível escapar dessa armadilha?
Sim, é possível. Mas será doloroso.
“Estoure a bolha antes que ela infle demais.”
Essa é a sugestão do ganhador do Prêmio Nobel de Economia, Robert Shiller. O alerta abaixo também é dele:
“O problema dos Bancos Centrais é que eles costumam ignorar as bolhas
especulativas até que seja muito tarde, o que parece ser o caso atual. O
mercado de ações nos Estados Unidos está bem alto, e os preços do
mercado imobiliário estão ficando altos também.”
especulativas até que seja muito tarde, o que parece ser o caso atual. O
mercado de ações nos Estados Unidos está bem alto, e os preços do
mercado imobiliário estão ficando altos também.”
Sua opinião é compartilhada pelo presidente da Roubini Global Economics, Nouriel Roubini:
“Os mercados financeiros e os Bancos Centrais estão brincando com uma
bomba-relógio criada pela liquidez macroeconômica e pela falta de
liquidez dos mercados. À medida em que os investidores se posicionam
em ativos sobrevalorizados, o risco de um crash aumenta.”
bomba-relógio criada pela liquidez macroeconômica e pela falta de
liquidez dos mercados. À medida em que os investidores se posicionam
em ativos sobrevalorizados, o risco de um crash aumenta.”
Sou da mesma opinião deles.
Os mais céticos poderão dizer: “Desta vez é diferente.”
O otimismo exagerado costuma prevalecer em momentos assim.
É exatamente isso o que já está acontecendo nos Estados Unidos.
Segundo pesquisa da Investors Intelligence Advisors, o otimismo dos investidores ultrapassou a barreira de 80%. Isso não acontecia desde 1987.
Na China, o otimismo é até maior.
Encontrei-me com chineses recentemente, nenhum deles admitiu a bolha.
Estão empolgados, acreditando que o mercado subirá eternamente.
É sempre assim. A Bolsa sobe, o otimismo aumenta.
O ser humano não aprende. Quando as ações ficam caras, tentam sempre justificar os valores atingidos e arrumam argumentos para se convencer de que elas podem subir ainda mais.
Mas, no final, o que geralmente acontece é uma reversão nos preços, muitas vezes de forma violenta.
É como disse o megainvestidor Marc Faber no último dia 10 de junho, em evento organizado pela Empiricus no Hotel Unique, em São Paulo.
“Com o mercado de ações num nível tão alto, só há uma direção possível: PARA BAIXO.”
Não à toa, aquelas quatro palavras – “desta vez é diferente” – são descritas como as mais caras do mercado de ações.
A Empiricus e seus leitores estão se preparando para enfrentar a situação.
Já vimos que há fortes indícios de os ativos estarem de fato sobrevalorizados.
A farra da liquidez – com Bancos Centrais jorrando dinheiro nas economias e taxas de juros baixíssimas – inflaram os ativos de mais risco.
Há uma bolha em gestação, que inflará mais e mais se o problema for jogado lá pra frente.
Quanto mais demorar para estourar, maiores serão os prejuízos.
“Nova crise internacional não só está no horizonte como pode ser mais grave do que a iniciada em 2007.”
Martin Wolf, colunista do Financial Times
A “boa notícia” (se é que podemos classificá-la assim) é que a bolha pode estourar já neste ano. Em 16 de setembro de 2015.
Como?
Com o “alfinete” do Federal Reserve (Fed), o Banco Central americano.
Será ruim para todos nós – natural, é sempre doloroso.
Mas acredite: a alternativa é infinitamente pior.
Para o Mundo, para o Brasil… para o seu bolso.
O alfinete do Federal Reserve
A economia norte-americana cresceu apenas 0,2% no primeiro trimestre de 2015. Com isso, restam duas possibilidades para o restante do ano:
- 1 – Recuperar-se e voltar a crescer; ou
- 2 – Não se recuperar.
A primeira visão é a crença do próprio Banco Central americano e de figuras emblemáticas como os economistas Stephen Jen, Jim O’Sullivan e Michele Girard.
Para eles, é natural que o período de inverno seja mesmo mais fraco para a economia. Neve acima do esperado e outras eventualidades teriam prejudicado ainda mais esse desempenho.
Por isso, eles acreditam na recuperação econômica após o segundo semestre, quando o palco estará pronto para a ação do “alfinete” do Federal Reserve.
Que alfinete é esse que antecipará o estouro da bolha no mercado de ações?
Resposta: a elevação da taxa de juros americana.
Vimos que taxas de juros muito baixas são capazes de justificar valuations bastante esticados.
Isto é, com juros zerados (ou mesmo negativos), o valor dos ativos de risco (ações) pode chegar às alturas.
Portanto, é natural e bastante intuitivo que a subida dos juros force um reajuste PARA BAIXO no valor justo dos ativos de risco.
Veja só.
O índice S&P 500, principal referência de ações nos EUA, atualmente negocia a uma relação Preço sobre Lucros (P/L) de 18 vezes.
Isto é, você precisa de 18 anos para lucrar 100% do seu investimento – o que representa um retorno anual na casa de 5,55%.
Já o juro oferecido pelo título de 10 anos do Tesouro norte-americano é de 2,15% ao ano (praticamente ZERO, já que a inflação ronda a casa dos 2%).
Ou seja, o prêmio de risco oferecido pelo mercado (que é o excesso de retorno das ações sobre a renda fixa) está em torno de 3,40%.
Só que o padrão histórico do tal prêmio de risco costuma ser da ordem de 4% a 5%.
Não é preciso entender muito de matemática para perceber o óbvio.
O prêmio atual de risco (3,40%) já está abaixo da média histórica (4%, 5%), e esse é mais um indício de que a bolsa americana está realmente cara.
Até aí, sem grandes problemas.
Mas o que acontece se os juros de mercado caminharem para algo em torno de 4% ao ano?
Se você fosse americano, investiria numa bolsa que paga 5,55% ao ano se pudesse comprar a segurança dos títulos públicos com 4% de retorno?
Dificilmente. Faria pouco sentido correr tantos riscos por um prêmio de 1,55% (5,55% – 4%).
A consequência é inevitável. O investidor americano sairá da Bolsa, antecipando uma correção PARA BAIXO no preço da renda variável.
Por isso, não se assuste se a Bolsa americana de repente cair algo da ordem de 30% a 50%.
É o alfinete do Federal Reserve entrando em ação. POW!
Se 2008 lembra muito 1929, o ano de 2015 repetirá 1937 – é o Acerto de Contas!
Mas, e no Brasil, como seremos afetados?
O problema por aqui tem tudo para se agravar ainda antes do “alfinete”, previsto para 16 de setembro.
Você sabe, as agências de risco já estão avaliando o nosso rating, isto é, a nossa classificação de risco.
Para os poucos familiarizados ao assunto, o rating é um instrumento relevante para o mercado. Neste caso em particular, ele representa uma opinião independente com relação ao risco de crédito do país analisado.
Quanto mais difícil a situação econômica de um país, maior a probabilidade de ele não pagar as suas contas (dar o calote) e mais baixa é a sua classificação de risco.
Você se sentiria confortável em emprestar dinheiro para alguém com problemas financeiros?
Pois é, os investidores estrangeiros também não.
De certa forma, o mercado já percebeu que a situação brasileira piorou bastante. Nossa Bolsa opera atualmente em níveis mais baixos, já precificando essa piora.
Só que as agências de classificação de risco estão prestes a oficializar a queda no rating.
Pior. Mais do que nos rebaixar, elas poderão ainda dar um viés negativo para as próximas avaliações.
Na prática, é como dizer assim:
“Olha, estamos rebaixando a sua classificação de risco e não acreditamos que vocês possam reverter a situação no curto prazo. Fiquem avisados desde já: vamos rebaixá-los ainda mais na próxima avaliação, OK?”
Pois o governo brasileiro já está ciente do problema. Todos sabem que o nosso rating será rebaixado – provavelmente agora, no mês de julho.
O que os governantes ainda tentam evitar é o malfadado viés negativo, que culminaria na chamada “PERDA DO GRAU DE INVESTIMENTO”.
BRexit: O Brasil fora do grupo de países com grau de investimento
Se por um lado o mercado brasileiro já precificou a queda no rating, por outro ainda ignora esse viés negativo e a perda do grau de investimento.
A conclusão é inevitável: mesmo não estando em bolha como no resto do mundo, a Bolsa brasileira tem espaço para CAIR MUITO MAIS.
Acha pouco estarmos entre 50 e 55 mil pontos? Que tal algo entre 40 e 45 mil?
Isso representaria os 13 mil pontos em dólar, algo sobre o qual falamos desde o lançamento da tese de “O Fim do Brasil”.
O cenário ruim para a Bolsa brasileira agora está muito perto de se realizar.
Começaria com a queda do rating, passaria pelo viés negativo e culminaria no “alfinete do Federal Reserve”, em 16 de setembro. Faltam poucos dias.
Você talvez esteja se perguntando:
“Mas, se a nossa Bolsa não está sobrevalorizada, por que o alfinete americano, capaz de estourar bolhas por todo o mundo, também traria consequências drásticas para o Brasil?”
Simples.
Simples.
Com o aumento da taxa de juros nos Estados Unidos, os títulos públicos americanos (considerados “livres de risco”) ganham em atratividade e seduzem investidores de todos os outros mercados, inclusive do nosso.
Os dólares já estão saindo do Brasil e sairão ainda mais com o novo cenário.
As consequências são inevitáveis.
O dólar está alto? Subirá mais.
O investimento no País caiu? Cairá mais.
O desemprego está aumentando? Teremos mais desempregados.
E ficará ainda mais difícil controlar a inflação e evitar a recessão.
O investimento no País caiu? Cairá mais.
O desemprego está aumentando? Teremos mais desempregados.
E ficará ainda mais difícil controlar a inflação e evitar a recessão.
Teremos que enfrentar tudo isso já nos próximos seis meses.
Como eu disse antes, será bastante doloroso.
Quem investe em Bolsa, imóveis e outros ativos de risco poderá sofrer uma perda de patrimônio.
E acredite: é melhor que seja assim. É melhor que tudo isso aconteça o quanto antes.
Por incrível que pareça, esse é o “melhor cenário” que poderemos enfrentar – ou o menos pior, caso prefira chamar assim.
Não há como evitar, chega um momento em que é preciso fazer o “Acerto de Contas”.
Melhor que seja agora, senão a fatura será maior e bem mais dolorosa.
Se o Federal Reserve não aumentar a taxa de juros em setembro, o problema mundial de bolha será jogado para frente.
A conta brasileira ficará maior e levará ainda mais tempo para ser paga.
E nem você nem eu desejamos vivenciar este cenário alternativo.
Estagnação Secular, a Hipótese Alternativa
Quando o Fed praticamente baixou a taxa de juros a zero em resposta à Crise de 2008, sua intenção era estimular o crescimento da economia.
Juros baixos incentivam os investimentos capazes de fazer um país voltar a crescer.
Mas a crença na recuperação econômica abre espaço para que o alfinete do Fed entre em ação já no próximo dia 16 de setembro.
Como vimos, o resultado seria o estouro de bolhas pelo planeta todo e uma crise mundial nos mercados de risco.
Essa é a nossa expectativa. Por mais dolorosa que seja, é inclusive o nosso desejo.
Mas e se a economia americana não se recuperar? E se o crescimento continuar baixo por um período de tempo dilatado, forçando a continuidade de juros zerados?
Seria possível que este cenário continue por muito tempo?
Sim, perfeitamente possível.
Só que aí o mundo entraria numa espiral deflacionária, sem precedentes na história, marcada por baixo crescimento econômico – a fatídica ESTAGNAÇÃO SECULAR.
O termo “secular stagnation” foi cunhado no auge da Grande Depressão, em 1938, por Alvin Hansen, então presidente da American Economic Association.
A interpretação de Hansen era de que a Grande Depressão iniciaria uma nova era, representada por desemprego alto e estagnação da economia.
Nem a baixa taxa de juros era capaz de estimular o crescimento.
Isso porque o desemprego enfraquecia a já baixa demanda agregada que, por sua vez, desestimulava o investimento.
Sem investimentos, o desemprego aumentava e enfraquecia ainda mais a demanda agregada.
Percebe o círculo vicioso?
Na ideia de Hansen, cairíamos assim na estagnação secular da economia.
Não seria algo transitório ou de fácil solução. Tratava-se de um problema estrutural, com mudanças nas bases da economia dos países industrializados.
Fazia muito sentido à época. Vínhamos de quase uma década de desemprego dramático, forte queda da massa salarial e baixo crescimento econômico.
Tudo isso aconteceu faz tempo, de uma forma muito parecida com a atual.
Para combater a Crise de 1929, o Banco Central dos EUA adotou uma política monetária expansionista nos anos seguintes, injetando dinheiro na economia e reduzindo a taxa de juros.
A Bolsa se recuperava fortemente, mas a economia não – situação semelhante aos EUA de hoje.
Aí o Banco Central apertou o torniquete monetário em 1937, causando uma queda de 49% das bolsas norte-americanas.
(Opa, é o que pode acontecer em 16 de setembro deste ano, não é mesmo?)
Enfim, não funcionou na época. Ainda voltariam a afrouxar a política monetária entre 1938 e 1939, à espera de reação da economia. Os resultados práticos, contudo, não vieram e a expansão do PIB continuou em ritmo muito baixo.
Avançando 75 anos na história, o tema da estagnação secular volta ao centro das discussões.
O ex-secretário do Tesouro dos EUA, Larry Summers, tem sistematicamente abordado a questão e a sua gravidade.
Ele está muito bem acompanhado em sua teoria como, por exemplo, o economista Paul Krugman e o ex-presidente do Fed, Alan Greenspan.
Quem participou do último evento organizado pela Empiricus, em São Paulo, pôde ouvir do próprio Greenspan:
“Estamos numa posição de estagnação secular.”
Eu estava no evento, e as palavras do ex-presidente do Banco Central americano foram as que me deixaram mais preocupado.
A questão é grave, muito mais do que ajuste fiscal, Grécia, redução da liquidez internacional ou qualquer outro problema econômico e financeiro que já enfrentamos.
Houve apenas dois momentos na história em que se debateu a estagnação secular: em 1938, quando Alvin Hansen introduziu a ideia, e AGORA.
Se em 1938 acertamos as contas com 1929, o ano de 2015
pode representar o acerto de contas com 2008.
pode representar o acerto de contas com 2008.
E, voltando a Alan Greenspan e sua precisão nas palavras:
“Nós não sabemos muito bem o que fazer, por uma razão muito
simples: NUNCA estivemos nesta situação antes.”
simples: NUNCA estivemos nesta situação antes.”
Apertem os cintos. Os próximos meses – e talvez anos – serão especiais para seus investimentos, sua construção de patrimônio e até mesmo sua evolução profissional.
Já sofremos bastante por conta de nossos próprios problemas, e a iminente crise internacional fará com que soframos ainda mais.
Se no 7 de setembro teremos feriado para celebrar a independência, o dia 16 da semana seguinte marcará o início de um período de muitas dificuldades para o mundo e para o brasileiro. Teremos de trabalhar bastante para retomar o crescimento.
Se não for em setembro, será em dezembro. Se não acontecer em 2015, acontecerá no ano que vem.
Não há como escapar, o melhor então é enfrentarmos o problema o quanto antes.
Você pode se preparar desde já para o seguinte quadro:
1. Forte desvalorização do real, com o dólar caminhando para R$ 4,00
2. BRexit: redução do rating soberano brasileiro para nível inferior ao grau de investimento e possível saída dos BRICs
3. Aumento dos juros de mercado em títulos brasileiros
4. Forte queda das ações
5. Aumento destacado do desemprego
6. Queda de salários e piora dos indicadores de distribuição de renda.
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